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Polícia

Exclusivo: Letalidade policial em São Paulo cresce em 2025, com recorde em abril

Desde o início do ano, foram contabilizadas 241 mortes, de acordo levantamento do SBT News feito a partir de dados disponibilizados pelo Ministério Público

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Mês de abril registra recorde de letalidade policial no estado de São Paulo | Foto: Arquivo pessoal
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A letalidade policial no estado de São Paulo aumentou 67,4% em abril de 2025, na comparação com o mesmo período de 2024. O mês marcou o recorde de mortes decorrentes de intervenção policial neste ano: foram 72 óbitos contabilizados. O levantamento exclusivo do SBT News foi feito a partir dos dados divulgados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP).

O jovem Vinícius Marconato, morto por policiais no dia 16 de março de 2024, em Limeira, no interior do estado, faz parte desta estatística. A mãe dele, Vanessa Cristina Marconato, conta que o filho estava desarmado e foi executado em uma ação da polícia militar.

“Eles efetuaram dois tiros nas costas do meu filho, conforme o laudo necroscópico, quatro na região abdominal e um tiro na têmpora direita que consta, conforme o legista, como um tiro a curta distância”, conta.

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De acordo com Vanessa, para justificar a morte de Vinícius, os policiais alegaram que ele havia feito parte de um assalto. No entanto, imagens de câmeras de segurança mostraram que o jovem estava a mais de 8 quilômetros de distância do local no momento do assalto, portanto não seria possível ter participado da ação criminosa.

Segundo Vanessa, PMs envolvidos no caso teriam de prestar depoimento na delegacia, mas não compareceram à época. Atualmente, a mãe luta por Justiça.

"Tem crianças que enxergam policiais como heróis. Já o meu neto e a minha neta, ambos com 4 anos, não querem ver a polícia na frente, porque eles têm medo”, desabafa, ao lembrar que passará o Dia das Mães sem o filho.

O cruzamento de dados feito pelo SBT News, aponta que o aumento das mortes neste ano tem um padrão progressivo. Em janeiro foram 43 óbitos; em fevereiro, 56. Em março, 70 e, finalmente, em abril, 72.

“Eu abandonei um trabalho de mais de 5 anos porque eu não tive condição de exercer meu cargo; ou trabalhava, ou ia atrás de justiça pelo meu filho. Então, resolvi ser investigadora. Na verdade, eu fui mãe, apesar de tudo, né? A mãe que, nesse Dia das Mães, não vai ter o filho para abraçar”, conclui Vanessa.

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O que dizem as instituições

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo argumentou, em nota, que não compactua com "o abuso de poder de autoridades, desvios de conduta ou excessos cometidos" por parte de seus agente, e que pune com "absoluto rigor todas as ocorrências" deste tipo.

"Todos os casos de MDIP (morte decorrente de intervenção policial) são investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das corregedorias, do Ministério Público e do Judiciário. Desde 2023, mais de 550 policiais foram presos e 364 demitidos ou expulsos, reforçando o compromisso da Secretaria da Segurança Pública com a legalidade e a transparência", afirma.

A SSP também informou que as instituições policiais mantêm "programas robustos de treinamento e formação profissional", além de comissões especializadas na mitigação de riscos, que atuam na identificação de não conformidades e no aprimoramento de procedimentos operacionais.

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Contatada pelo SBT News, a Ouvidoria da Polícia Militar afirmou que o estado de São Paulo "caminha para uma crise sistêmica em relação a segurança pública" e que o "número apresentado pela reportagem do SBT News ultrapassa o sinal de alerta", ainda mais quando considerado que o aumento da letalidade policial em abril aumento não abrange períodos de exceção, como as operações Verão e Escudo na Baixada Santista.

"O que se percebe é uma escala incessante da violência policial, apontando para uma crise sistêmica na segurança pública de nosso estado, com possível crescimento no interior. É urgente que todos se reúnam em torno de medidas imprescindíveis como as câmeras corporais para toda a tropa, ligada o tempo todo, o uso progressivo da força letal nas abordagens – práticas que já provaram sua eficiência para preservação de vidas de policiais e cidadãos, além de uma urgente revisão nas questões de formação, carreira e saúde mental dos agentes da segurança em nosso estado", afirma a instituição.

A nota segue afirmando que "a segurança pública diz respeito à vida de todos os cidadãos e por isso não pode mais ser gerida através de portas fechadas e métodos obscuros".

O Ministério Público afirma que a letalidade policial é "um dos focos principais da atuação dos promotores do Tribunal do Júri e do Grupo de Atuação Especial em Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (GAESP), que disponibiliza os dados sobre o problema justamente para combatê-lo de forma efetiva".

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