"Ser mulher é viver sob risco”, afirma presidente do STM em repúdio a casos de feminicídio
Ministra cobra ações de entes públicos no combate à violência de gênero e defende protestos nas ruas e nas redes sociais a favor do direito das mulheres


Basília Rodrigues
A presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministra Elizabeth Rocha, manifestou repúdio aos casos de feminicídios e agressões a mulheres no Brasil. Primeira mulher a presidir a corte militar, majoritariamente masculina, a ministra é conhecida pela defesa de direitos das mulheres, e outras pautas progressistas.
Em função do Dia da Justiça, nesta segunda-feira (8), a ministra fez apelo para que o tema seja priorizado e receba mais investimentos e políticas públicas em todo país.
“Neste Dia da Justiça, 08 de dezembro, e no contexto dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas, manifestamos nosso veemente repúdio às tragédias de violência contra mulheres, com destaque para os recentes casos chocantes registrados, que evidenciam a gravidade alarmante deste crime”, expressou em nota pública.
Elizabeth ressalta que essas histórias “devastadoras” impactam nas famílias e também na sociedade, de quem ela cobra uma mudança de cultura capaz de valorizar mais o papel da mulher, e não normalizar casos de violência.
“Tais situações horrendas destacam a urgência de abordar a violência contra mulheres e meninas como prioridade nas políticas públicas e no sistema de justiça”, diz.
Ao pontuar situações de violência de gênero, a ministra cita o caso de assassinatos; de mulheres traficadas para servirem como objetos sexuais e de escravidão doméstica; também o caso de mulheres que são desqualificadas no campo profissional; e destaca existirem simbolicamente mulheres “assassinadas” em suas vidas públicas e na atuação política”, complementa.
“Esses episódios não são meramente estatísticos: eles carregam histórias, famílias, projetos e sonhos interrompidos, drasticamente destruídos. O medo ecoa. O medo ecoa na atual e nas futuras gerações.
Ser mulher é viver sob risco. A dureza dessa expressão nos mostra o fracasso das instituições e da sociedade”, diz.
Neste contexto, prega um conjunto de medidas a serem tomadas pelos entes públicos, como: investigações profundas; rapidez nos processos judiciais; aplicação rigorosa de medidas preventivas; políticas também de acolhimento dessas mulheres, com apoio psicológico e orientação jurídica; capacitação profissional das forças de segurança e monitoramento dos dados.
“Os recentes casos de feminicídio nos lembram que a violência de gênero não é uma tragédia distante, mas um problema estrutural que exige ação coletiva e imediata. Este não é o momento de silenciarmos. É hora de ocupar as ruas, as redes sociais e os espaços de mídia”, declarou.
“O momento exige coragem, investimento e compromisso político. As histórias de muitas vítimas entoam este repúdio. A ancestralidade-mãe clama e nos acena para uma única direção. Neste dia, ecoamos vozes à mudança. É medida de Justiça!”, conclui.








