Sem citar Trump, Bolsonaro volta a dizer que é “perseguido” em publicação nas redes
Presidente americano defendeu o ex-presidente brasileiro nesta quarta-feira (9) e anunciou taxação de 50% para exportações brasileiras

SBT News
Murillo Otavio
Jair Bolsonaro (PL) se manifestou nas redes sociais nesta quarta-feira (9) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sair em defesa dele, criticar o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Na publicação, Bolsonaro não citou Trump diretamente e ignorou os possíveis impactos econômicos da nova tarifa para o Brasil. Ele voltou a afirmar que é alvo de perseguição política.
“Jair Bolsonaro é perseguido porque segue vivo na consciência popular”, declarou.
Trump, por sua vez, defendeu Bolsonaro e afirmou que o tratamento dado ao ex-presidente brasileiro é “uma vergonha internacional”. Ele classificou o julgamento no STF como “uma caça às bruxas” e pediu o fim imediato do processo.
“O tratamento ao ex-presidente Bolsonaro, um líder amplamente respeitado durante seu governo, inclusive pelos Estados Unidos, é vergonhoso. Esse julgamento não deveria acontecer. Trata-se de uma caça às bruxas que deve terminar imediatamente”, disse Trump.
Bolsonaro está inelegível até pelo menos 2030, após condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques e desinformação sobre o sistema eleitoral. No STF, ele é réu sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe em 2022.
Ainda nesta terça-feira (9), a embaixada e os consulados dos EUA no Brasil divulgaram nota reiterando o apoio de Trump a Bolsonaro.
No comunicado, a representação americana afirmou que “Bolsonaro e sua família sempre foram parceiros importantes dos Estados Unidos” e classificou como “vergonhosa” a suposta perseguição política ao ex-presidente e seus aliados, afirmando que isso “desrespeita as tradições democráticas do Brasil”.
A nota provocou reação imediata do governo brasileiro. O Itamaraty convocou o encarregado de negócios da embaixada americana para prestar esclarecimentos.
Nos bastidores, integrantes do governo demonstraram insatisfação e disseram que o tom da manifestação ultrapassou os limites diplomáticos ao comentar assuntos internos brasileiros com viés político.
A embaixada dos EUA informou que acompanha a situação, mas afirmou que não vai comentar eventuais ações do Departamento de Estado sobre o caso.
Além disso, o governo norte-americano anunciou a taxação de 50% para todas as exportações brasileiras. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder norte-americano alegou que a medida visa "corrigir as graves injustiças do sistema" comercial atual.
"Concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco", declarou Trump no documento.
O norte-americano alertou que, caso Lula decida retaliar e impor tarifas aos produtos dos EUA, o mesmo percentual será acrescido aos 50% já estabelecidos por Washington. "Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos", destacou Trump.
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