Publicidade
Política

“Retaliação do Brasil seria tiro no pé”, diz ex-embaixador sobre tarifas de Trump

Rubens Barbosa diz que Trump espera que governo Lula negocie tarifa de 50% aplicada pelos EUA sobre todos os produtos brasileiro

,
Publicidade

O diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil na Inglaterra e nos Estados Unidos, afirmou nesta sexta-feira (11), em entrevista ao programa Poder Expresso, do SBT News, que uma retaliação brasileira às tarifas anunciadas nesta semana pelo presidente americano, Donald Trump, seria “um tiro no pé”.

Em carta pública endereçada ao presidente Lula, Trump comunicou na quarta (9) que, a partir de 1º de agosto, os EUA aplicariam uma taxação de 50% sobre todos os produtos exportados do Brasil. Para Rubens Barbosa, é preciso sentar à mesa com o governo americano e negociar.

+ Lula se refere a Bolsonaro como "coisa covarde" e critica tarifaço de Trump

“A gente não pode falar em retaliação no sentido de colocar 50% sobre os produtos americanos, porque o governo americano colocaria 100% sobre as tarifas brasileiras. Nós não podemos negociar essas questões que o Trump está levantando contra o mundo inteiro [de aplicação de tarifas] pensando no passado. Não existem regras no comércio, e todo mundo está se ajustando, até países como a China e o Vietnã estão negociando sem protestar. O Brasil tem que focar na parte comercial com propostas concretas, reduzindo tarifas de produtos americanos e eliminando restrições não tarifárias. Não podemos pensar em retaliação, seria um tiro no pé e uma ação contra os interesses do setor privado brasileiro”, disse ele.

Trump declarou, nesta sexta, que pretende conversar diretamente com Lula sobre as tarifas “em algum momento, mas não agora”. Rubens defendeu que o presidente brasileiro deveria aproveitar a abertura demonstrada pelo mandatário americano e dar o primeiro passo para iniciar as tratativas entre os dois chefes de Estado.

+ Trump anuncia tarifa de 35% sobre o Canadá e ameaça outros países com novas taxas

“Eu acho que Lula não deveria esperar o Trump ligar para ele. Ele já disse [em ocasiões passadas] que ligaria para o presidente americano se tivesse assuntos importantes a serem tratados. Esse é um assunto importante e, já que ele deu essa abertura, Lula deveria tomar essa atitude para negociar a situação”, pontuou Barbosa.

Na carta, Trump deu duas justificativas para as taxações. A primeira delas é a relação comercial entre os dois países, que, segundo o republicano, é injusta e desequilibrada. Já a segunda explicação é o que Trump chamou de “ataque às eleições livres” e à liberdade de expressão, com decisões de suspensão de redes sociais por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e de processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado.

+ Congresso precisa aprovar anistia para negociar redução de tarifas dos EUA, diz Flávio Bolsonaro

O ex-embaixador entende que o Brasil não deve focar nas motivações políticas, que, para ele, já foram equacionadas. O ideal seria concentrar esforços somente no imbróglio econômico envolvendo as tarifas.

“Se você ler a carta até o fim, vai ver que o governo americano pede que o Brasil negocie esses 50%. Então eu acho que a parte política já está equacionada desde que o governo brasileiro convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para demonstrar a insatisfação com essas declarações e corretamente repeliu essas críticas. Agora temos que nos concentrar na parte comercial, sem ideologia e questões partidárias e sim com pragmatismo e visão realista. Essa não é uma questão contra o Brasil e sim contra o mundo inteiro. Não teve nenhum presidente que devolveu a carta ou que deu declarações sobre essa carta. Todos os países mandaram autoridades para Washington para negociar e acho que a gente tem que fazer a mesma coisa”, afirmou Rubens Barbosa.
Publicidade
Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade