PSDB e Solidariedade negociam para formar federação partidária
Representantes dos partidos se reuniram em Brasília. Negociação é descrita como chance de formar "projeto de centro" para eleições de 2026
Lideranças de PSDB e Solidariedade se reuniram em Brasília para negociar a formação de uma federação entre os dois partidos. Os representantes definiram que se encontrarão novamente nos próximos dias para avançar na construção dessa aliança.
Os tucanos presentes no encontro foram o presidente nacional da legenda, Marconi Perillo, o deputado federal Adolfo Viana (BA), o secretário Paulo Abi-Ackel e os ex-governadores Aécio Neves (MG) e Beto Richa (PR) — dois nomes que despontaram no partido na década passada, mas perderam peso eleitoral nos últimos anos.
Pelo Solidariedade, participaram o presidente nacional, Eurípedes Júnior, o deputado federal Paulinho da Força (SP), Felipe Espírito Santo, Jefferson Coriteac e Marcelo Cavalcante.
O objetivo declarado pelas duas siglas com a negociação é construir um “projeto alternativo de centro” para as eleições presidenciais de 2026, num sinal de afastamento em relação aos grupos políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Jair Bolsonaro — que está inelegível até 2030. Mas essas tratativas só deverão ser definidas após as eleições municipais, marcadas para outubro.
Aliança heterogênea
O PSDB, que já governou o país por oito anos — com Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002 —, enfrenta uma crise de identidade desde que teve os piores resultados eleitorais de sua história, em 2022. O partido faz oposição a Lula, mas há graus diferentes de crítica ao governo federal entre seus integrantes.
Já o Solidariedade apoiou o petista desde o primeiro turno na campanha de 2022. Mais recentemente, no entanto, a agremiação tem dado sinais de distanciamento em relação ao presidente.
Um dos principais nomes da sigla, Paulinho da Força disse ao jornal Folha de S. Paulo que o partido poderia caminhar para a oposição federal após Lula subir o tom contra adversários num ato de 1º de maio em que pediu votos para Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura de São Paulo. Na capital, o Solidariedade apoia a reeleição de Ricardo Nunes (MDB).
Vale lembrar que o PSDB já faz parte de uma federação, com o Cidadania. Pelo acordo firmado entre os partidos, essa relação deve ser mantida até 2026. O PSDB afirmou que se reunirá com a sigla federada nos próximos dias para discutir a nova configuração da aliança.
O que é uma federação
Esse dispositivo foi criado em 2021, após o fim das coligações partidárias para eleições proporcionais — para vereador, deputado e senador.
Mas, ao contrário da configuração que existia, em que os partidos se reuniam apenas para disputar os votos, as federações impõem que a parceria continue por quatro anos, com atuação em bloco no Congresso e candidaturas únicas a cargos majoritários — prefeito, governador e presidente.
Essa relação permite que recursos eleitorais, como verba de campanha e tempo de propaganda eleitoral, sejam somados, mas as duas legendas continuem existindo de forma independente.
Caso o acordo que está sendo negociado agora avance, a bancada da federação PSDB-Cidadania na Câmara, de 18 deputados federais, seria somada à do Solidariedade, que tem cinco representantes, para um total de 23 cadeiras. Ela seria, assim, a oitava maior da Casa. No Senado, apenas o PSDB tem representante — Plínio Valério (AM).