Petrobras e dividendos: temor do mercado não é sem fundamento, diz economista
Lula se reuniu ontem com presidente da estatal; ministro de Minas e Energia apontou que empresa pode reavaliar decisão de não distribuir lucros para acionistas
A decisão da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários para acionistas tem provocado problemas para o governo. O economista Rogério Sobreira comentou o assunto no Brasil Agora desta terça-feira (12) e disse que o temor do mercado não é sem fundamento.
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"A dúvida do mercado é no que diz respeito, por exemplo, a questões como controle de preço, ações mais incisivas que possam de fato machucar o lucro da companhia, como aconteceu no passado. O temor do mercado não é destituído de fundamento", apontou, em conversa com os apresentadores Murilo Fagundes e Iasmin Costa.
"O que se espera é que o grau de intervenção do governo não possa machucar o lucro da companhia no futuro próximo. No momento, não há sinais de que isso vá acontecer. Ainda que, dada a história pretérita, o mercado tenha suas razões para estar um pouco desconfiado", completou.
E, afinal, o que são esses dividendos? Sobreira explica: são lucros que a Petrobras distribui para acionistas.
Após a decisão da estatal de reter e adiar pagamento desses valores, avaliados em R$ 43,9 bilhões, houve perda de R$ 55,3 bilhões no valor de mercado da empresa.
Nessa segunda (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, em entrevista ao SBT, que a estatal não tem de pensar apenas nos acionistas, mas nos brasileiros. Ele se encontrou ontem com o presidente da empresa, Jean Paul Prates. Também nessa segunda, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que essa decisão da Petrobras pode ser reavaliada.
Sobreira apontou que o desconforto do mercado também se deve ao fato de que, em decisões anteriores, a Petrobras pagou dividendos.
"Havia expectativa de que a Petrobras continuaria distribuindo. O fato de ter decidido algo de surpresa, de não distribuir, provocou essa desconfiança, somada à queda no lucro da companhia", analisou.