Padilha critica restrições dos EUA para visto: “Não sou procurado pela Interpol”
Trump impôs limites de deslocamento durante evento da ONU; Padilha diz que presidente busca limitar protagonismo do Brasil no cenário internacional
Vicklin Moraes
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, criticou nesta sexta-feira (19) as restrições impostas pelo governo de Donald Trump à sua circulação durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Embora tenha recebido visto, Padilha foi autorizado apenas a se deslocar entre o hotel, a missão diplomática do Brasil e a sede da ONU. Ele ironizou a decisão, afirmando “não ser procurado pela Interpol”.
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A declaração foi dada durante a cerimônia de comemoração dos 60 anos do Departamento de Saúde Coletiva da FCM/Unicamp. Segundo o ministro, as limitações inviabilizam compromissos paralelos, comuns no evento.
"Você tem várias reuniões bilaterais fora do prédio da ONU. Aí, chegou e disse que eu tenho que chegar em Nova York e tenho que ir do hotel para a missão e depois para o prédio da ONU. Primeiro que eu não sou procurado pela Interpol, não sou condenado a nada no país para ter tornozeleira eletrônica nem do Brasil, nem dos Estados Unidos. Terceiro, que essa é uma atitude para impedir que o Brasil tenha protagonismo internacional, sobretudo no continente americano, porque na prática isso impede eu sair de Nova York para ir para Washington para a assembleia da OPA”, declarou.
Padilha explicou que o Itamaraty havia solicitado sua presença em dois compromissos: a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e a reunião da Organização Pan-Americana da Saúde (OPA), em Washington. Para ele, as restrições são uma tentativa de minar o protagonismo do Brasil na região.
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“Então nós estamos indo lá para dizer: Trump, você faz o que você quiser e o povo americano tem que reagir ao que você está fazendo, mas o Brasil vai liderar o continente americano e vai ajudar outros países no mundo a liderar na defesa da OMS, da OPAS, na defesa da vacina, vamos fazer tudo que for necessário para ter mais acesso à vacina”, completou.
Trump x Padilha
Em agosto, o governo norte-americano cancelou os vistos da esposa e da filha de 10 anos de Padilha. O episódio ocorreu após críticas do ministro, que classificou a medida como retaliação política. Na ocasião, Padilha afirmou que Donald Trump é “inimigo da saúde”.