Macaé Evaristo toma posse e critica concepção de que direitos humanos é para defender bandido
Ministra está no cargo há 18 dias, após exoneração de Silvio Almeida por denúncias de assédio e importunação sexual
Raphael Felice
Já no cargo de ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo teve a cerimônia de posse nesta sexta-feira (27), no Palácio do Planalto. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros ministros do governo.
+ Quem é Macaé Evaristo, nova ministra dos Direitos Humanos
Macaé assumiu a pasta após a demissão do ex-ministro Silvio Almeida, denunciado por importunação e assédio sexual. Entre as vítimas do caso que está sendo investigado, está a ministra Anielle Franco.
Segundo a ministra, um dos maiores desafios da pasta é mudar a concepção de parte da população de que os direitos humanos "é coisa de quem defende bandido".
"Muita gente tem uma concepção de que os direitos humanos são uma coisa de quem defende bandido. E aí a gente tem um desafio, que é fundamental para a gente construir a ação deste ministério: a gente precisa entender a tensão entre a afirmação e a negação dos direitos humanos", disse.
"No cenário global, a gente enfrenta uma nova investida do capital que se apossa da segregação social, racial e ambiental para legitimar a opressão e o extermínio de milhões de pessoas comuns como eu, que diante do horror da fome, da peste, da guerra não sabem a quem recorrer. É por isso que a nossa tarefa é dialogar e disputar o próprio sentido dos direitos humanos", concluiu Macaé.
Evaristo também afirmou que os direitos humanos não podem ser apenas um "termo retórico", pois deve influenciar diretamente na vida das pessoas
+ Macaé Evaristo é ré em processo que investiga superfaturamento em Belo Horizonte
"Ele [os direitos humanos] só tem sentido de for materializado na vida cotidiana das pessoas comuns, como eu e de muitos que vieram aqui me dar um abraço neste dia. Precisamos criar políticas que estimulem a convivência, e acima de tudo, o cuidado mútuo e comunitário", afirmou.
Macaé Evaristo também falou sobre as famílias brasileiras, em especial para mães negras que são as provedoras de suas casas, e ressaltou o papel do estado em criar condições para que todos tenham acesso a moradia e comida de qualidade.