Lula diz que greve em universidades federais não tem razão para "durar o que está durando"
Presidente pediu mais abertura em negociações: "Quem está perdendo não é o Lula, não é o reitor, são os estudantes brasileiros"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira (10), que a greve de professores e servidores administrativos em universidades federais não tem razão para "durar o que está durando". Para o petista, dirigentes estão fixados com uma proposta e a paralisação pode terminar por "inanição". O chefe do Executivo também fez cobranças a sindicalistas da educação.
"Ele [o organizador da greve] tem que ter coragem de tomar decisões que muitas vezes não é o tudo ou nada que ele apegou. Eu sou um dirigente sindical que nasceu no tudo ou nada. É 100% ou é nada […] Muitas vezes, eu fiquei com nada", ponderou Lula ao relembrar o tempo de sindicalista.
Para ele, servidores precisam estar mais abertos: "O montante de recurso que a companheira Esther [Dweck, ministra Gestão e Inovação em Serviços Públicos] colocou à disposição é um montante de recursos não recusável. Eu só quero que levem isso em conta", pediu.
A greve de professores (desde abril) e técnicos-administrativos (desde março) de dezenas de instituições federais seguia confirmada até a cerimônia de hoje do governo. Universidades defendem aumento no financiamento de atividades — fora as demandas de reajustes salariais.
"E eu acho que, nesse caso da educação, se vocês analisarem o conjunto da obra, vocês vão perceber que não há muita razão para esta greve durar o que está durando. Porque quem tá perdendo não é o Lula, não é o reitor, são os estudantes brasileiros [...] Os alunos estão à espera de voltar à sala de aula”, disse o chefe do Executivo.
Investimentos
As declarações de Lula ocorreram em reunião com reitores de universidades e institutos federais. O governo federal apresentou uma série de investimentos com base no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ao todo, foram anunciados investimentos de R$ 9,4 bilhões:
- R$ 5,5 bilhões para universidades — para obras já planejadas em unidades administradas pela União (R$ 3,17 bilhões), ações de expansão (R$ 600 milhões), como os novos campi, e R$ 1,75 bilhão para hospitais universitários;
- R$ 3,9 bilhões para institutos (IFs) — R$ 2,5 bilhões serão aplicados para criação de novos 100 polos e R$ 1,4 bilhão para manutenção de IFs já existentes.
Os 100 IFs eram promessa de campanha do petista, anunciados pela primeira vez em 2022, e que agora ganham contornos para sair do papel. "Temos que começar a construir os institutos que anunciamos", disse Lula, citando uma conversa anterior com Camilo Santana, ministro da Educação. "Pelo amor de Deus, nós temos que fazer acontecer", afirmou.
O presidente avaliou os investimentos em educação como importantes para enfrentar problemas sociais enfrentados no Brasil: "Se a gente não tiver a preocupação de fazer este investimento, a gente vai gastar no ano seguinte fazendo cadeia ou contratando polícia para diminuir a violência".
Lula disse que as localidades dos novos polos, de universidades e IFs, foram escolhidas com base em "vazios educacionais". Ou seja, regiões estratégicas onde poderá haver diminuição do déficit de pessoas com ensino superior.