Lula diz que deve vetar taxação de importados se projeto for aprovado no Congresso
Presidente diz que fim da isenção seria injusto com pessoas mais pobres e que "bugigangas" vendidas em sites asiáticos não competem com produtos nacionais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (23), que deve vetar o projeto que pode impor a volta do imposto de importação para compras no exterior de até US$ 50, que afetaria principalmente sites estrangeiros como os asiáticos Shein, Shopee e AliExpress.
"A tendência é vetar, mas tendência também pode ser negociar. Cada um tem uma visão a respeito do assunto. Veja, quem compra essas coisas. Mulheres maioria, jovens, é muita bugiganga. Não sei se essas bugigangas competem com as coisas brasileiras, mas nós temos dois tipos de gente que não pagam imposto", disse o presidente logo antes de receber o presidente do Benim, Patrice Talon, que está no Brasil em visita ao Palácio do Planalto.
Lula definiu as mercadorias de sites asiáticos como "bugigangas" e disse que a volta da taxação poderia gerar injustiças principalmente para as classes mais pobres. Além disso, o chefe do Executivo citou que a isenção para a classe média e classe mais alta já existe por causa das viagens internacionais.
"Temos pessoas que viajam e tem US$ 500 no free shop e que têm isenção de US$ 1 mil, que são pessoas de classe média, cerca de 24 milhões da população que podem viajar para o exterior", disse Lula.
"Como é que você vai proibir pessoas pobres, meninas moças que querem comprar uma bugiganga, um negócio de cabelo?", acrescentou o presidente, que ainda se disse disposto a receber o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para conversar e negociar.
Congresso
O texto seria votado nessa quarta (22), mas foi adiado por Lira mais uma vez, por falta de acordo. Em uma rara ocasião, o PT, do presidente Lula, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, mantiveram a mesma posição na Câmara dos Deputados: se colocaram contra a taxação de compras internacionais em valores de até US$ 50.
A oposição dos partidos é voltada ao trecho que faz parte do programa nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e impediu a votação do projeto nessa quarta. Com as duas maiores bancadas da Câmara contra a medida, Lira adiou mais uma vez a apreciação do projeto.
O fim da isenção de produtos importados de até US$ 50 foi incluído no projeto do Mover pelo relator Átila Lira (PP-PI). A medida vem sendo defendida por Arthur Lira e também tem a simpatia do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas Lula se manifestou contrariamente nesta quinta.