Lula defende multilateralismo em artigo publicado em 9 jornais internacionais
Presidente não cita tarifa anunciada por Trump, mas critica a prevalência da “lei do mais forte”
SBT News
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o multilateralismo e a diplomacia em artigo publicado em nove jornais internacionais em meio à crise do tarifaço anunciado por Donald Trump.
No artigo veiculado pelos jornais Le Monde, da França; El País, da Espanha; The Guardian, do Reino Unido; Der Spiegel, da Alemanha; Corriere della Sera, da Itália; Yomiuri Shimbun, do Japão; China Daily, da China; Clarín, da Argentina; e La Jornada, do México, Lula não cita o presidente norte-americano, mas afirma que a 'a lei do mais forte' ameaça o sistema de comércio multilateral.
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"Tarifaços desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação. A Organização Mundial do Comércio foi esvaziada e ninguém se recorda da Rodada de Desenvolvimento de Doha", afirmou Lula.
O presidente voltou a apelar pela reforma de organizações internacionais como forma de solucionar a crise no multilateralismo.
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"O mundo de hoje é muito diferente do de 1945. Novas forças emergiram e novos desafios se impuseram. Se as organizações internacionais parecem ineficazes, é porque sua estrutura não reflete a atualidade. Ações unilaterais e excludentes são agravadas pelo vácuo de liderança coletiva. A solução para a crise do multilateralismo não é abandoná-lo, mas refundá-lo sob bases mais justas e inclusivas. ", disse e continuou:
"Os ataques às instituições internacionais ignoram os benefícios concretos trazidos pelo sistema multilateral à vida das pessoas. Se hoje a varíola está erradicada, a camada de ozônio está preservada e os direitos dos trabalhadores ainda estão assegurados em boa parte do mundo, é graças ao esforço dessas instituições".
Lula mencionou ainda a crise financeira de 2008, que, segundo ele, evidenciou o fracasso da 'globalização neoliberal', mas que o mundo 'permaneceu preso ao receituário da austeridade'
"A opção de socorrer super-ricos e grandes corporações às custas de cidadãos comuns e pequenos negócios aprofundou desigualdades. Nos últimos 10 anos, os US$ 33,9 trilhões acumulados pelo 1% mais rico do planeta é equivalente a 22 vezes os recursos necessários para erradicar a pobreza no mundo", escreveu o presidente.
Por fim, Lula afirmou ser 'urgente' insistir na diplomacia. "Apenas assim deixaremos de assistir, passivos, ao aumento da desigualdade, à insensatez das guerras e à própria destruição de nosso planeta", concluiu.