Lula afirma que governo seguirá PAC e "proíbe" ministros de ter novas ideias
Governador de Minas Gerais, Romeu Zema, dividiu palanque com o petista e disse ter ficado "muito satisfeito" com a presença do presidente
Raphael Felice
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta quinta-feira (8), da apresentação de um balanço de ações do governo federal em Minas Gerais, além de anúncios de novos investimentos, previstos no Plano de Aceleração de Crescimento (PAC). O evento foi realizado no Minascentro, em Belo Horizonte, e contou com a presença do governador Romeu Zema (Novo) e do presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
No discurso, Lula fez críticas a governos que não continuam com obras de antecessores por querer deixar "a própria marca" e disse que os investimentos do governo federal serão feitos com o que está escrito no PAC. O petista também "proibiu" seus ministros de ter novas ideias. Segundo Lula, as obras previstas no programa foram decididas em conjunto entre governo federal, governadores e prefeitos.
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"Queremos que as obras sejam resultados do compartilhamento das necessidades das cidades e não uma invenção do presidente da República. Quando a gente age assim, a gente nem governa, porque cada ministro quer sua obra, fotografia e sua política pública. E, quando isso acontece, no fim não acontece nada", disse.
"Em 2007, quando fiz o PAC, a partir de agora eu falei: é proibido o ministro ter novas ideias, é cumprir o que está aprovado no pacto. O PAC é resultado de um pacto que envolve prefeitos, governadores, envolveu muita gente. No meu governo, agora ninguém tem mais ideia. Se alguém tiver uma boa ideia, eu vou botar o cofre na minha sala e um dia alguém aproveita", complementou.
O evento com Zema marcou o terceiro encontro de Lula com governadores da oposição em seis dias. E, mais uma vez, houve troca de afagos, agradecimentos e discursos em prol da boa convivência política, independentemente da ideologia.
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Nessa terça-feira (6), Lula esteve com o governador Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro. Na última sexta-feira (2) o presidente encontrou Tarcísio de Freitas (Republicanos), chefe do Executivo de São Paulo.
Investimentos em Minas
Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o Novo PAC vai investir R$ 121 bilhões exclusivamente em Minas Gerais, com destaque aos setores de energia, saúde, educação e rodovias do estado.
Zema disse se sentir "muito satisfeito" com a visita de Lula, e entregou uma lista de ações e obras emergenciais que o governo federal precisa fazer no estado. Os principais problemas apontados foram as BRs 361 e 262, duas rodovias federais.
"Obras, geração de emprego e investimentos não têm ideologia, o benefício é para todos. Por isso, presidente, fico muito satisfeito com sua visita. Para melhorar a vida dos mineiros, temos muito o que conversar. Entrego ao senhor uma lista de ações e obras emergenciais que dependem do governo federal e que nós, mineiros, ansiamos por solução, pois são problemas graves, como por exemplo as BRs 361 e 262, que precisam ser recuperadas e duplicadas, pois estão tirando vidas todos os dias de mineiros", disse Zema.
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Pacheco também mencionou os problemas das rodovias federais e o apoio do governo em obras do estado e municípios em infraestrutura. No entanto, o senador entende que o "maior legado" a ser deixado para as gerações atuais e futuras seria resolver a dívida pública de Minas com a União.
Segundo Pacheco, o programa Regime de Recuperação Fiscal (RRF) é ineficiente e tende a aumentar a dívida com o passar do tempo.
"Com base científica, matemática e nos números e outros aspectos com o próprio servidor de Minas, apresentamos ao governador Zema um modelo alternativo, ele concordou e entregamos ao presidente Lula e ao ministro (Fernando) Haddad. E, logo após o Carnaval, vamos sentar todos para tentar resolver este problema. Acho que será o maior legado para todos aqui se resolvermos a situação fiscal e econômica do estado de Minas Gerais", disse o presidente do Congresso.
O PAC ainda envolve a retomada das obras do Hospital Universitário de Juiz de Fora, o acordo de uso futuro do terreno do aeroporto Carlos Prates, em BH, e propostas de apoio a agricultores atingidos pela seca no norte de Minas.
Estiveram no evento os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Renan Filho (Transportes), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), Helder Melilo (interino das Cidades) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social).