Investigados pela CPI da Covid voltam a aparecer em esquema de fraude no INSS
Maurício Camisotti e Danilo Trento estiveram na mira dos senadores durante a investigação parlamentar que descobriu fraude em contrato de compra de vacinas
SBT Brasil
Nomes que estiveram na mira da CPI da Covid, durante o governo Jair Bolsonaro, voltaram a aparecer nas investigações da Polícia Federal sobre fraudes nos pagamentos do INSS. A comissão, encerrada em 2021, investigava a tentativa de venda superfaturada de vacinas para o governo federal durante a pandemia. Dois nomes investigados na época chamaram a atenção dos senadores por reaparecerem agora no esquema de fraude envolvendo o INSS.
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Segundo a Polícia Federal, Maurício Camisotti, investigado por fraudes no INSS, aparece como sócio oculto da AMBEC (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos). A associação é apontada como responsável por desvios que somam R$ 178 milhões entre 2019 e 2024. Na CPI da Covid, Camisotti foi citado como financiador oculto da empresa Precisa Medicamentos, suspeita de corrupção e superfaturamento na compra de vacinas.
O outro nome é Danilo Trento, que chegou a ser indiciado no relatório final da CPI da Covid por três crimes, entre eles o de fraude em contratos. Conforme apurações da Polícia Federal, no escândalo do INSS ele teria atuado junto ao ex-procurador-geral do instituto, Virgílio Antonio de Oliveira Filho, afastado por suspeita de envolvimento no escândalo.
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Para o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, que também foi vice-presidente da CPI da Covid, os dois nomes já estariam envolvidos no esquema do INSS enquanto eram investigados pela tentativa de fraude na compra de vacinas.
"Enquanto nós investigávamos, eles estavam montando uma outra fraude, fraude essa que foi investigada pela CGU do atual governo e que foi desmontada pela Polícia Federal do atual governo", afirmou Randolfe.
Nesta quarta-feira (14), em entrevista ao portal UOL, o ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu a possibilidade de terem ocorrido irregularidades no INSS durante seu governo. Ele defendeu a punição de eventuais responsáveis.
"Não tem como falar em corrupção zero. Pode até buscar, com zero absoluto, não tem como chegar lá. Agora explodiu no governo Lula. Se porventura alguém do meu governo fez algo de errado, pague, ponto final", disse Bolsonaro.
No Congresso, a oposição apresentou dois pedidos para investigar as fraudes no INSS: uma comissão na Câmara e outra mista, incluindo senadores. A base do governo afirma que não teme investigações, mas avalia que a proposta busca obstruir votações importantes.
Deputados favoráveis à criação da CPI do INSS vão pedir ao presidente da Câmara que a comissão fure a fila de outros 11 requerimentos de CPIs que estão na frente.
"Através de um requerimento solicitando ao Mota obedecer o estatuto do idoso, outro deputado para ele obedecer o estatuto de pessoas com deficiência que estão sendo roubados, também dos povos originários. Por que não passar a CPI à frente de todas as outras para atender esses cidadãos que estão sendo roubados no INSS?", declarou o deputado Coronel Chrisóstomo.