Gleisi critica deputados da base que apoiam urgência para anistia, mas diz que governo não está em retaliação
Ministra chama de “absurdo” movimento de parlamentares para dar celeridade ao projeto que perdoa pena dos participantes do 8 de Janeiro

Murilo Fagundes
Márcia Lorenzatto
A ministra Gleisi Hoffmann, responsável pela articulação política, negou que o governo Lula esteja retaliando parlamentares que assinaram a urgência do projeto de anistia aos participantes do 8 de Janeiro. Afirmou, porém, que o Planalto busca mostrar aos deputados que aprovar o texto não é a melhor opção.
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“O governo não está numa operação de retaliação, mas está, sim, mostrando aos deputados a gravidade política, jurídica e institucional que significa apoiar este projeto”, declarou a ministra, em mensagem enviada pela assessoria nesta terça-feira (15).
Segundo Gleisi, o projeto de lei quer “garantir a impunidade de Bolsonaro e de quem mais tentou derrubar este governo, inclusive matar o presidente Lula”. E completou: “É um absurdo apoiar urgência para um projeto sendo da base do governo, trata-se de uma grave afronta ao Judiciário e à própria democracia”.
Ainda de acordo com a ministra, o recurso de dar urgência aos projetos deve ser utilizado “para projetos que beneficiam o povo brasileiro e não para proporcionar golpe continuado".
Expectativa por nomeação de ministro
Um dos partidos que aderiram em massa ao requerimento de urgência para o PL da Anistia foi o União Brasil.
A adesão da sigla ao projeto acendeu o alerta do governo, já que Lula confirmou o deputado Pedro Lucas (União-MA) como o novo ministro das Comunicações.
Coube à Gleisi fazer o anúncio da decisão. De acordo com ela, o novo ministro pediu um tempo para resolver assuntos pessoais e vai assumir a pasta só depois do feriado da Páscoa.
Contudo, na última sexta-feira (11), Pedro Lucas publicou uma nota afirmando que ainda avaliaria o convite com a bancada. O motivo: o deputado busca, com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, e a Executiva da sigla, um nome para seu lugar na liderança da legenda ligado à ala governista.
Até o momento, não há consenso sobre o sucessor de Pedro Lucas na liderança da legenda.