"Postei com a convicção de que não traria problema nenhum", diz Flávio Bolsonaro
Filho de ex-presidente divulgou vídeo citado em decisão de Moraes sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

Gabriela Tunes
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse nesta terça-feira (5) que foi ele quem postou nas redes sociais um vídeo do pai, Jair Bolsonaro, por conta própria, e que o ex-presidente não teve intenção de descumprir as medidas cautelares impostas a ele pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
"Fui eu que postei, não foi o presidente Jair Bolsonaro que pediu para eu postar, para burlar qualquer medida cautelar, para indiretamente usar a rede de terceiros para se promover, não", disse, durante entrevista coletiva no Congresso. "Postei com a convicção de que não traria problema nenhum.”
Entre as medidas cautelares está a proibição do uso de redes sociais por Bolsonaro ou em perfis de terceiros. Nesta segunda-feira (4), Moraes determinou a prisão domiciliar do ex-presidente e citou, entre outros exemplos, a divulgação de Flávio de uma fala do pai para apoiadores da manifestação bolsonarista de domingo.
Flávio postou o vídeo e depois apagou porque foi avisado pelos advogados do ex-presidente.
O ex-presidente é reincidente. Ele já havia descumprido as cautelares ao mostrar a tornozeleira eletrônica em uma ida à Câmara dos Deputados na semana passada.

"Pacote da Paz"
Flávio foi ao Congresso propor o que chamou de "Pacote da Paz". Entre as medidas estão a “anistia ampla geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, o impeachment de Moraes e a votação do foro privilegiado, para tirar o julgamento de Jair Bolsonaro do STF.
Obstrução das sessões
Como manifesto à prisão de Jair Bolsonaro, os parlamentares anunciaram uma obstrução às sessões da Câmara e do Senado.
“Quero anunciar que hoje, no Senado e na Câmara, ocupamos as Mesas e vamos obstruir as sessões. O Senado está com cinco senadores sentados na Mesa. Na Câmara também. É uma medida extrema, mas faz 15 dias que eu, como líder da oposição, não consigo interlocução com o presidente Davi Alcolumbre. É um desrespeito com a Casa e o Parlamento. Ele pode ser aliado do governo, mas não pode ficar de costas para o Parlamento”, disse o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL).
Após anunciarem obstrução, deputados fizeram uma manifestação de silêncio em plenário.
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