Filhos de Bolsonaro apontam "deboche" de ministros no STF: "Psicopatas"
Eduardo e Flávio criticaram a postura dos magistrados durante julgamento do ex-presidente por golpe, em momentos de descontração

Sofia Pilagallo
Eduardo e Flávio Bolsonaro, filhos de Jair Bolsonaro (PL), apontaram deboche na postura dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento do ex-presidente, realizado nesta semana. A Primeira Turma condenou o ex-mandatário por golpe de Estado e outros crimes e o sentenciou a 27 anos e 3 meses de prisão.
Em publicação no X (antigo Twitter), Eduardo criticou as "brincadeirinhas", "risinhos" e "gracejos" dos ministros, que ele chamou de "psicopatas", no momento em que definiam a chamada dosimetria da pena de Bolsonaro. O trecho publicado por ele mostra os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Flávio Dino, além do presidente da corte, ministro Luís Roberto Barroso, em momento de descontração.
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"As brincadeirinhas, risinhos e gracejos dos psicopatas da primeira turma no momento de definir as penas e destruir vidas de pessoas inocentes é a caracterização perfeita do mal que se instaurou naquele lugar. São, na mais estreita definição do termo, psicopatas. O transe hipnótico que se deu nesse momento é fruto da satisfação que psicopatas sentem ao infligir dor e sofrimento em pessoas inocentes", afirmou.
"Todos que tratam essa barbárie com termos eufemísticos e suaves, chamando de erro, equívoco ou mera injustiça, são cúmplices dessa monstruosidade, pois são covardes demais para dizer claramente o que está acontecendo no Brasil", acrescentou.
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Na mesma linha argumentativa, Flávio publicou um vídeo no X em que criticou as "piadas" feitas no julgamento e o uso de "sarcasmo desprezível" por parte dos ministros. Para ele, "a maioria" dos magistrados não conseguiu esconder a felicidade e a alegria de estarem condenando Bolsonaro", de quem sentem "inveja" por ele ser um homem "bom" e "amado pelo povo".
Entre os momentos de descontração do julgamento, Flávio cita o episódio em que Moraes brincou com o fato de quase ter perdido o jogo do Corinthians na quarta-feira (10), em razão do voto do ministro Luiz Fux, que durou 14 horas ao todo. O magistrado foi o único que votou para absolver Bolsonaro pelos cinco crimes dos quais foi acusado, condenando apenas Mauro Cid e Walter Braga Netto. Para Flávio, Fux foi o único dentre os cinco "que se comportou como um juiz".
"Fux foi gigante. Não porque deu voto para absolver Bolsonaro e os demais inocentes — mas porque foi o único que se comportou como um juiz", disse. "Não se rebaixou ao nível dos que se deleitavam com a covardia de quatro se juntarem para bater em um, como hienas atacando um leão ferido, caído no chão."
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O julgamento se encerrou na quinta-feira (11), com a condenação de todos os oito réus envolvidos na tentativa de golpe de Estado. Apesar disso, a decisão da Primeira não será aplicada automaticamente.
Os réus ainda podem recorrer da decisão e tentar reverter as condenações pelos crimes dos quais foram acusados: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Uma eventual revisão é improvável, uma vez que os recursos serão julgados na própria Primeira Turma.