Política

Novo presidente do Chile será definido em 2º turno

Comunista Jeannette Jara disputará com José Antonio Kast, da extrema-direita; pesquisas indicam possível vitória da direita no 2º turno

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Bandeira do Chile | Reprodução Reuters
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Os chilenos foram às urnas neste domingo (16) para escolher um novo presidente. Com mais de 70% dos votos apurados, a esquerdita Jeannette Jara do Partido Comunista, liderava com 31,3% dos votos, enquanto o fundador do Partido Republicano (de extrema-direita), José Antonio Kast, apresentava o segundo lugar com 23,3%. Os resultados definem um segundo turno em 14 de dezembro entre os dois políticos.

O atual presidente, Gabriel Boric (Partido Comunista), que apoiou a candidatura de Jeannette Jara, confirmou a disputa em segundo turno e congratulou os candidatos escolhidos pela maioria da população neste domingo.

"Parabenizo Jannette Jara e José Antonio Kast por avançarem para o segundo turno. No próximo domingo, 14 de dezembro, o Chile realizará sua eleição presidencial, elegendo o próximo líder, que governará pelos próximos quatro anos. Esta decisão fundamental repousa na consciência e no voto livre e informado de cada um de vocês. Confio que o diálogo, o respeito e o amor pelo Chile prevalecerão sobre quaisquer diferenças", afirmou Boric.

O primeiro turno das eleições foi bastante pleito disputado, com os candidatos da direita e centro-direita Franco Parisi, Evelyn Matthei, Harold Mayne-Nicholls, Marco Enríquez-Ominami e Eduardo Artés na disputa, e nenhum deles atingindo mais de 50% dos votos para definir a eleição em um único turno.

Apesar da vantagem da esquerda, pesquisas de intenções de voto apontam para uma possível vitória da direita no segundo turno. O tema da segurança pública tem dominado os debates eleitorais, impulsionado pelo aumento da criminalidade no país.

Pelo primeira vez desde 2012, as eleições foram obrigatórias para os chilenos. Cerca de 15 milhões de eleitores participaram do pleito.

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Temas centrais das campanhas:

Segurança pública

Kast se apresenta como o candidato mais preparado para enfrentar a criminalidade, fato reforçado por eleitores: segundo o CEP, 35% dos entrevistados o consideram mais eficaz no combate ao narcotráfico, enquanto 32% acreditam que ele manteria melhor a ordem social.

Migração

A migração, especialmente de venezuelanos, ganhou protagonismo na campanha. Esse tema está diretamente ligado ao discurso de segurança de Kast, que defende medidas mais duras para controlar a entrada de imigrantes irregulares.

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Além disso, Jara alertou que, sob governos de Kast ou Kaiser, podem haver retrocessos nos direitos das mulheres, um ponto de tensão importante para parte do eleitorado.

Projeções para o segundo turno

As projeções indicam que o segundo turno deve repetir a polarização que marcou todo o processo eleitoral. Embora Jeannette Jara lidere o primeiro turno com vantagem expressiva, pesquisas como Atlas/intel mostram um cenário de disputa muito mais apertado quando a eleição é reduzida a dois nomes.

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Isso ocorre porque parte significativa dos votos que hoje se distribuem entre Kast, Kaiser, Matthei e Parisi tende a convergir majoritariamente para a direita no segundo turno, criando um ambiente mais desafiador para a candidatura de esquerda, tendo Jara com 41% das intenções e Kaiser com 46%. Ainda com a possibilidade de Jara no segundo turno, a líder esquerdista teria 40% contra 46% de Kast.

O que está em jogo

Para a esquerda, a eleição representa a chance de consolidar uma agenda focada em programas sociais, combate à desigualdade e políticas de apoio estatal, pilares associados à campanha de Jeannette Jara. No entanto, transformar essa plataforma em maioria eleitoral é um desafio, especialmente diante de um eleitorado fragmentado e de um discurso oposicionista que ganhou força ao longo da campanha, principalmente no campo da segurança pública.

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Já para a direita, a disputa é vista como uma oportunidade de redirecionar o país após anos de instabilidade política e tensões institucionais. Kast aposta fortemente em uma retórica de "lei e ordem" e em promessas de endurecimento contra o crime e a imigração irregular, temas que dominaram os debates e atraíram grande parcela dos eleitores indecisos. A linguagem dura e o apelo à mudança têm potencial para reunir diferentes segmentos da direita, que hoje se dividem entre ele, Kaiser e Matthei.

Além da presidência, a renovação do Congresso adiciona um componente decisivo: qualquer que seja o vencedor, governar sem uma base sólida pode dificultar a aprovação de reformas estruturais. O resultado legislativo, portanto, é tão central quanto o da própria disputa presidencial e deve determinar a capacidade de estabilidade política nos próximos anos.

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