Eleições 2024: Partidos da base de Lula devem se coligar com o PL, de Bolsonaro, em dez capitais
Análise feita sobre partidos com ministérios, como PP, Republicanos e União, mostra que em apenas três capitais um deles apoiará os mesmos candidatos que o PT
Com um total de cinco ministérios no governo federal, PP, União Brasil e Republicanos não serão aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou do PT na maioria das capitais nas eleições municipais deste ano. Pelo menos um dos três partidos estará com o PL em pelo menos dez capitais do Brasil, enquanto vão estar ao lado do mesmo candidato do PT em apenas três capitais: Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife.
Na gestão Lula o União Brasil fez a indicação de três ministros: Waldez Góes (Integração), Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações). Já o PP e o Republicanos ganharam espaço após uma minirreforma ministerial no segundo semestre de 2023, quando André Fufuca (PP) assumiu o Ministério do Esporte e Silvio Costa Filho (Republicanos) ficou com a pasta de Portos e Aeroportos. O PP, por meio do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), também indicou Carlos Vieira para assumir o posto de Rita Serrano na presidência da Caixa.
Em dez cidades, PP, Republicanos e União Brasil vão compor a mesma aliança do PL de Jair Bolsonaro, em alguns dos municípios de maior importância para Lula e para o cenário político brasileiro, como São Paulo, Salvador e Belo Horizonte. Mesmo com a aliança pontual com Lula para preencher pastas na Esplanada, os três partidos do centrão seguem com quadrados com fortes laços com o bolsonarismo.
Na maior parte das capitais esses partidos com cargos no governo federal e o PL apoiam candidatos à reeleição ou políticos com chances de vitória, como Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo, Bruno Engler (PL), em Belo Horizonte, e Sebastião Melo (MDB), em Porto Alegre.
Nas três capitais em que as três legendas vão fechar com o PT para apoiar o mesmo candidato a situação é semelhante. No Rio de Janeiro e no Recife, Eduardo Paes (PSD) e João Campos (PSB) são candidatos à reeleição e são considerados favoritos. No Ceará, as legendas vão apoiar o petista Evandro Leitão. Há casos ainda em que os próprios partidos que compõem o governo terão candidato à prefeitura, mas também não contarão com apoio do PT.
Os apoios de PP, Republicanos e União Brasil em cada capital
- Aliança com o PL
São Paulo - Ricardo Nunes (MDB) estará com PL, PP e Republicanos e deve fechar ainda com o União Brasil;
Porto Alegre - Sebastião Melo (MDB) tem apoio de PL e PP;
Curitiba - Eduardo Pimentel (PSD) tem apoio de Republicanos, PP e PL;
Salvador - Bruno Reis (União) terá ao seu lado PL, PP e Republicanos;
Belo Horizonte - Bruno Engler (PL). O bolsonarista será apoiado pelo PP;
Florianópolis - Topázio Neto (PSD) vai compor com PL, Republicanos e União
Maceió - JHC (PL) terá apoio de PP, Republicanos e União Brasil;
Teresina - Silvio Mendes (União) está coligado com PL e PP
Natal - Paulinho Freire (União) está com PL, PP e Republicanos;
Rio Branco - Tião Bocalom (PL) está colgado com PP e União Brasil.
Com oito coligações, o PP é o partido que mais estará aliado ao PL nas eleições municipais deste ano. União Brasil e Republicanos estarão aliados cinco vezes cada.
- Aliança com o PT
Rio de Janeiro - Eduardo Paes (PSD) será apoiado por PT e Republicanos;
Recife - João Campos (PSB) terá PT, Republicanos e PP na coligação;
Fortaleza - Evandro Leitão (PT) concorre coligado com Republicanos e PP.
Reeleição
Na maioria das alianças formadas nas capitais os partidos do centrão apoiam candidatos à reeleição ou políticos com chances de vitória.
A divisão de apoio mais marcante foi a de São Paulo. Os três partidos governistas vão compor com o PL o apoio a Ricardo Nunes, do MDB, para enfrentar o candidato Guilherme Boulos, do PSOL, que recebe apoio do PT e principalmente de Lula. O chefe do poder Executivo chegou a ser alvo de críticas de opositores por pedir, diretamente, votos ao aliado em comemoração ao Dia do Trabalhador (1º de maio) em São Paulo.
O apoio do PP ao bolsonarista Bruno Engler em Belo Horizonte também é mal visto pela cúpula petista, assim como a questão fechada das três siglas governistas com o PL para apoiar João Henrique Caldas, conhecido como JHC, em Maceió, e Bruno Reis, em Salvador.
Lula e o centrão
Enquanto o União Brasil já compunha o governo desde o começo do mandato, partidos como PP e Republicanos entraram na gestão Lula no segundo semestre de 2023 para garantir maior governabilidade ao chefe do poder Executivo com o Congresso. Apesar da articulação ter sido importante para o governo aprovar medidas como a reforma tributária, a presença de Fufuca e Costa Filho no comando de ministérios não evitou que o Lula sofresse derrotas no Congresso, especialmente em pautas consideradas ideológicas ou de costumes.
Na última semana, o governo acumulou, na mesma noite uma série de resultados negativos na Câmara, em ações relacionadas a aborto, transição de gênero e ocupações de terra e, em outra votação comemorada por opositores, houve a manutenção de um veto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à tipificação criminal da promoção ou financiamento da divulgação de informações comprovadamente falsas. O governo pressionou por outro resultado, sem sucesso.