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Após críticas à ONU, crise climática e urgência no combate à fome devem ser destaques da participação de Lula

Presidente discursou neste domingo (22) na abertura da Cúpula do Futuro, em Nova York. Evento precede 79ª Assembleia Geral, que começa na terça-feira

Após críticas à ONU, crise climática e urgência no combate à fome devem ser destaques da participação de Lula
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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), abriu a participação do Brasil na cúpula do Futuro, em Nova York, com críticas a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).

Em seu discurso, neste domingo (22), Lula apontou o que classificou de falta de "vitalidade" da ONU e omissões "diante de atrocidades".

O presidente brasileiro também criticou a falta de compromisso dos países em cumprir, dentro do prazo, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Segundo Lula, os ODS "foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornarem nosso maior fracasso coletivo".

Em sua fala, Lula não comentou a onda de incêndios criminosos e os números recordes da seca no Brasil. O assunto, no entanto, deve ganhar destaque no discurso de abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, marcado para a próxima terça-feira (24).

+ Lula quer levar pautas do Brasil na presidência do G20 para a ONU, na Cúpula do Futuro

"Além das discussões, também deve ser divulgado um documento, que seria um pacto para o futuro, que estabelecerá os compromissos dos membros das Nações Unidas com o desenvolvimento sustentável, a paz, a juventude e a reforma da governança global", disse o secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Carlos Márcio Cozendey, em entrevista coletiva para passar à imprensa as informações essenciais da viagem do presidente.

Na Assembleia Geral da ONU, na terça, Lula vai novamente levantar as pautas brasileiras do G20. Assim como no evento deste domingo, o presidente deve abordar questões relacionadas à reforma da governança das chamadas instituições multilaterais. Uma das grandes críticas de Lula é a ausência de representatividade de países do Sul Global, neste, e em diversos outros comitês.

Questão climática

O Brasil, que puxa para si a defesa climática, chega ao evento com os maiores registros de incêndios em 14 anos. Até o dia 18 de setembro, haviam sido registrados mais de 190 mil focos em todo o país, número inferior apenas a 2010, quando a soma de todo o ano alcançou 204 mil focos. A tendência é que Lula use o país como exemplo dos eventos climáticos em seu discurso na ONU.

“O que vemos no Brasil tem uma relação muito grande com os eventos climáticos extremos, seja uma seca excepcional que está, de certa maneira, relacionada às transformações que têm acontecido", disse o diplomata.

Os maiores registros segundo a mesma data foram na Amazônia, com 32 mil incêndios, seguido pelo Cerrado, em números que ultrapassam os 23 mil casos, enquanto Mata Atlântica e Caatinga registram, cada, mais de 4 mil focos. Também em setembro, mais da metade do território brasileiro (60%) do território brasileiro ficou coberto por uma camada de fumaça gerada pelas queimadas, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Dezenas dos casos são em áreas ainda sem ações de combate, por dificuldade de acesso de equipamentos e envio de equipes às regiões, conforme anunciou a ministra Marina Silva. "Esses incêndios não têm combate, ou porque estão em área remota, ou porque os nossos equipamentos têm dificuldade de acesso", afirmou.

Entre as estratégias da equipe de Lula, está o afastamento de inércia governista e o destaque para as ações criminosas. Inícios de incêndio por ações orquestradas estão sob investigação da Polícia Federal, e foram citados ao longo das reuniões no Palácio do Planalto na última semana.

No encontro que reuniu ministros, presidentes da Câmara e do Senado, além do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente levantou a suspeita de que as ações foram orquestradas com interesse político.

“Talvez seja pela COP 30, pela performance do Brasil na discussão ambiental no mundo inteiro, talvez uma parte seja por interesses políticos. A gente não pode acusar, mas que suspeita é”, afirmou. O chefe do Executivo ainda citou relações entre o "dia do fogo" e o 7 de Setembro em São Paulo.

Perguntado se Lula será cobrado pelos incêndios no país, o secretário Carlos Márcio Cozendey respondeu que o presidente brasileiro é quem deve fazer cobranças sobre a situação ambiental, que é um problema que atinge o mundo inteiro.

"Acho que é ao contrário, o Brasil vai levar para o cenário internacional essa questão e dizer que é preciso agir rapidamente, pois vejam só o que está acontecendo no Brasil", disse.

Acordos

Acordos em prol do clima devem também fazer parte dos compromissos entre países, conforme avalia o analista internacional Gustavo Glodes Blum. “A questão das mudanças climáticas vem levantando demandas cada vez mais urgentes e talvez esse sentido de urgência levante a possibilidade, essa necessidade de negociar”, pontua o pesquisador em geografia das Relações Internacionais na Universidade de Campinas (Unicamp).

Reforma da governança global

Dentro do tema, a maior crítica de Lula é a pouca quantidade e o modelo membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU — hoje formado apenas por EUA, Rússia, China, França e Reino Unido —, o presidente também é contra ao poder de veto que essas cinco nações possuem.

Na escalada dos conflitos entre Israel e Hamas na Palestina, uma proposta do Brasil por um cessar-fogo imediato, teve amplo apoio dos membros permanentes e temporários, mas foi vetada pelos Estados Unidos, pois os membros permanentes possuem poder de veto dentro do colegiado. Outra pauta do presidente dentro da governança global é a reforma e mudanças nos organismos multilaterais de crédito.

Outros compromissos

Também na terça-feira (24), Lula vai copresidir com o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, um debate sobre o avanço da extrema-direita no mundo. Desde março, quando o espanhol veio ao Palácio do Planalto para uma visita oficial, Lula vinha falando sobre a reunião de uma 'democratas contra o extremismo', que na ocasião da ONU.

No último dia da viagem da comitiva brasileira em Nova Iorque, Lula vai se reunir com líderes do G20. Será a primeira vez que o grupo das 19 maiores economias do mundo (mais a União Africana e União Europeia) vai se reunir durante a Assembleia Geral da ONU. A reunião também contará com a presença de países que não são membros do G20.

Na mesma quarta-feira, o presidente embarca de volta para o Brasil, mas com a próxima agenda internacional já no radar. Em 1º de outubro, o petista embarca para o México para participar da posse da presidente eleita Claudia Sheinbaum, que assume o lugar de López Obrador, ambos são aliados de Lula.

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