CPI do Crime Organizado será instalada no Senado após operação com mais de 120 mortes no Rio
Comissão vai investigar a atuação de facções e milícias em todo o país; Câmara discute projeto que equipara essas ações ao terrorismo
SBT Brasil
Em Brasília, a próxima semana deve ser marcada por debates sobre medidas de enfrentamento ao crime organizado. O tema ganhou urgência após a operação policial no Rio de Janeiro que resultou em 121 mortes no início da semana.
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Diante da repercussão, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, confirmou para terça-feira (4) a instalação da CPI do Crime Organizado. O colegiado terá 120 dias para investigar a expansão de facções e milícias em todo o país. O relator deve ser o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do requerimento que criou a Comissão Parlamentar de Inquérito.
“Nossa expectativa é que a CPI consiga fazer um diagnóstico completo do funcionamento de facções e milícias no território nacional, que consigam apontar como elas atuam, as fontes de financiamento, rotas. Também aponte com clareza a técnica, quais são as ações que são adotadas no momento nos estados para combate ao crime, o que funciona, o que não funciona”, afirmou o senador Alessandro Vieira.
Entre os membros indicados para compor a comissão estão o senador Flávio Bolsonaro (PL), presidente da Comissão de Segurança Pública, o líder do PT no Senado, Jaques Wagner, e o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR). Para Moro, a iniciativa deve ser tratada de forma suprapartidária.:
“O cidadão da ponta aí não quer saber se a responsabilidade é do município, do estado ou do governo federal. Ele quer é o problema resolvido”, declarou.
Na Câmara dos Deputados, parlamentares da oposição pretendem pressionar pela votação de um projeto que equipara as ações de facções criminosas a atos de terrorismo. A proposta, de autoria do atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, ganhou regime de urgência em maio, o que permite a votação direta em plenário. O texto depende apenas de decisão do presidente da Casa, Hugo Motta, para ser pautado.
Nos próximos dias, Derrite deve se licenciar do cargo no governo paulista para reassumir o mandato de deputado federal e relatar o projeto.
Para especialistas, o enfrentamento às facções deve ir além da repressão policial. O advogado criminal Thiago Turbay defende uma abordagem mais ampla:
“É preciso olhar com enfoque cultural, educacional, de distribuição de renda e de oferta de empregos qualificados, de direitos trabalhistas, de combate ao racismo. [...] E essa substituição se dá de maneira permanente, se dá de maneira a oferecer não só valores financeiros para captação do tráfico, mas também de horizontes à comunidade e às favelas".









