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Política

Anistia do 8 de janeiro: o que esperar da reunião na Câmara com Hugo Motta?

Reunião é o primeiro compromisso do Presidente da Câmara dos Deputados na volta a Brasília após missão com Lula (PT) na Ásia

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Hugo Motta | Foto: Bruno Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
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A reunião na Câmara dos Deputados promete ser um “divisor de águas” para o futuro do projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. O Partido Liberal (PL) vai pressionar o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a colocar o projeto em regime de urgência diretamente no plenário. A decisão de Motta, que deve se reunir com líderes partidários nesta terça-feira (1º), poderá determinar o rumo das discussões e mudar o cenário político nas próximas semanas.

Estratégias com base em promessas antigas?

O PL, sem perder tempo, já traçou suas estratégias. O partido se recusa a aceitar a proposta de Motta de criar uma comissão especial para tratar do PL da anistia, preferindo pressionar pela votação direta no plenário.

O vice-líder da oposição, deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), espera um desfecho favorável. Segundo o parlamentar, as penas aplicadas pelo STF a condenados pelos ataques de 8 de janeiro são excessivas e injustas.

“Estamos bastante otimistas de que o projeto de anistia, se não for analisado nesta semana, será na próxima. Ele será discutido, deliberado e colocado para votação no plenário da Câmara. Quando conversamos lá atrás com o então candidato à presidência da Câmara, Hugo Motta, ele nos garantiu, com suas palavras, que colocaria em votação qualquer projeto de interesse nacional, incluindo o da anistia, sem comprometer os votos, apenas colocando-o em pauta. [...] Aceitar penas de 15, 16, 17 anos, multas milionárias, como no caso da cabeleireira — 14 anos de prisão e 30 milhões de multa — isso é algo absolutamente inaceitável", diz Sanderson.

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Mas não basta otimismo. O PL já prepara um plano B. Se Motta não colocar a anistia para votação, os trabalhos na Câmara podem simplesmente parar.

“Com certeza, vamos estabelecer uma trava regimental. E não são apenas deputados do PL e do Novo. Temos parlamentares do MDB, PP, Podemos, PSD e Republicanos que não aceitarão essa quebra de compromisso do presidente Hugo Motta, caso ele não queira pautar um projeto apoiado por dezenas de parlamentares", reforça.

O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) afirmou que já fez as contas e tem apoio suficiente para ir a plenário: 309 votos certos.

Segundo o parlamentar, o PL (92 deputados) e o Novo (4 parlamentares) estão totalmente fechados na defesa da anistia. O PP pode entregar 44 votos (90%), Republicanos, 42 (95%), e o PSD, 35 (80%). Já o MDB deve oferecer só 17 votos (40%). Mas nem tudo são flores: partidos como PT, PCdoB, PV, PSOL e PDT não querem nem ouvir falar desse projeto.

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Governo critica estratégia e promete reagir

O governo, claro, não engoliu a ameaça. O vice-líder do governo, deputado Alencar Santana (PT-SP) criticou duramente a estratégia da oposição e disse que perdoar os envolvidos no 8 de janeiro seria um ataque à democracia.

“Não creio que o presidente Hugo Motta vá ceder a qualquer tipo de chantagem e pressão, ainda mais para alterar algo que beneficia algumas pessoas que cometeram crimes, tentaram o golpe, atentaram contra a democracia brasileira. Se o parlamento se sujeitar a esse tipo de pressão, lamento. Significa que aqueles que perpetraram o golpe continuam atacando a democracia e tendo conquistado alguns objetivos”, afirmou o petista.

Santana também lembrou que essa pressão da oposição pode acabar atrapalhando pautas que realmente fazem diferença para o povo, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

“Se eles obstruírem, vamos ter que enfrentar a obstrução. Pode dar mais trabalho e demorar mais tempo, mas vamos superar. E o povo saberá quais pautas eles estão obstruindo. Eles querem obstruir a isenção de R$ 5 mil do Imposto de Renda? Querem obstruir a aprovação do crédito consignado com juros mais baixos? Vai ser um bom momento para as pessoas saberem quem está preocupado com a vida delas no dia a dia e quem está preocupado em salvar o Bolsonaro”, completou.

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Projeto quer proibir anistia para golpistas

Se de um lado o PL se empenha para garantir a anistia, do outro, a deputada Duda Salabert (PDT-MG) corre para impedir qualquer possibilidade de perdão. Seu projeto de lei, protocolado na segunda-feira (31) — data que lembra os 61 anos do golpe militar de 1964 —, prevê que nenhuma anistia poderá ser concedida a quem tentou abolir o Estado Democrático de Direito.

“Este Projeto de Lei busca fortalecer o compromisso do Brasil com a democracia, assegurando que atos que a ameacem sejam tratados com a devida seriedade e que seus responsáveis não sejam beneficiados por medidas que possam incentivar a reincidência ou a impunidade”, diz o texto.

A proposta ainda não tem data para ser votada, mas já serve como um contraponto direto ao projeto do PL.

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Enquanto isso… tem projeto ambiental na fila

No meio desse embate político, a Câmara ainda tem outros temas para resolver. Nesta terça-feira (1º), os deputados podem votar o projeto da Lei do Mar, que estabelece diretrizes para a conservação da costa brasileira.

Outra proposta em análise prevê penas mais duras para crimes ambientais e proíbe empresas que causarem incêndios em áreas naturais de contratar com o poder público.

Agora, a questão é: a oposição vai deixar a Câmara funcionar ou vai transformar o Congresso em refém da anistia?

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