Anderson Torres apresentou passagem falsa para justificar ausência no 8/1, diz PGR
Atitude “reforça a gravidade da conduta” do ex-secretario, diz PGR; companhia aérea não encontrou bilhetes no localizador apresentado pela defesa

Rafael Corrieri
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou o ex-secretario de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres de apresentar uma passagem de avião falsa para justificar ausência nas manifestações do dia 8 de janeiro de 2023.
Segundo a PGR, a defesa do réu apresentou “apenas um print” da passagem e não colocou nos autos nenhum comprovante da compra. A companhia aérea afirmou que não identificou voos no nome de Torres, diz o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
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“A Procuradoria-Geral da República identificou a possível falsidade do documento apresentado pela defesa, o que não apenas reforça a gravidade da conduta do réu Anderson Torres à época dos crimes, mas deverá justificar a adoção de providências adicionais em relação ao novo fato aparentemente ilícito”, afirmou a PGR nas alegações finais da ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado.
A PGR afirmou que a descoberta “coloca em xeque a versão” do ex-secretário, que afirmou que a viagem estava agendada com antecedência e que havia comprado a passagem em novembro de 2022. Gonet classificou isso como uma “estratégia deliberada de afastamento e conivência” das manifestações do dia 8 de janeiro.
As alegações finais também apontam que Torres compartilhou o contato do seu substituto com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, somente no dia 7 de janeiro. Segundo a PGR isso representa uma “clara postura de descaso e negligência com seus deveres profissionais”.
A PGR apresentou na segunda-feira (14) as alegações finais na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado referentes ao chamado "núcleo crucial".
Réus do "núcleo crucial" da trama golpista:
- Alexandre Ramagem (PL-RJ), deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier, almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, general da reserva do Exército e ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República;
- Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República;
- Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, general, ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército;
- Walter Souza Braga Netto, general da reserva, ex-ministro da Defesa, ex-ministro-chefe da Casa Civil e candidato a vice na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Todos os réus respondem por crimes de:
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Tentativa de golpe de Estado;
- Participação em organização criminosa armada;
- Dano qualificado ao patrimônio público;
- Deterioração de patrimônio tombado.