“Acho que não vai dar certo”, diz Lula sobre tarifaço de Donald Trump
Presidente dos Estados Unidos impôs taxas de 10% sobre produtos brasileiros
Vinícius Nunes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (8) acreditar que a nova política dos Estados Unidos, encabeçada pelo republicano Donald Trump, de taxar importações do país “não vai dar certo”. Deu a declaração na cerimônia de abertura do 100º Encontro Internacional da Indústria da Construção, em São Paulo (SP).
“Esse país não pode ser vítima de um cavalo de pau. Eu estou vendo o comportamento do presidente [Donald] Trump nos Estados Unidos, mas eu acho que não vai dar certo. Ninguém pega um transatlântico daqueles, carregado e muito carregado, e faz as coisas que estão acontecendo lá”, disse Lula.
+ Donald Trump tem imagem negativa para 43% dos brasileiros, diz Genial/Quaest
Segundo Lula, o tarifaço de Trump foi decidido por um “cidadão sozinho” e que o Brasil tem que manter equilíbrio para tomar decisões certas quanto às novas tarifas.
“A coisa mais importante de hoje é o multilateralismo. Quantos anos vocês passaram ouvindo sobre o livre comércio, que era preciso ter globalização, que era preciso combater o protecionismo? [...] E de repente um cavalo de pau, em que o cidadão [Trump] sozinho acha que é capaz de ditar regras para tudo que vai acontecer no mundo. Eu tenho que dizer pra vocês, pode não dar certo”, afirmou.
Na última quarta-feira (2), Trump impôs 10% de taxas em todas as importações do Brasil para os Estados Unidos. As tarifas, de certo modo, foram baixas se comparadas a países “rivais” na política econômica mundial, como Japão, China e União Europeia.
+ Lula diz que Brasil não precisa se preocupar com tarifaço de Trump
Um dos setores diretamente afetados é a indústria têxtil. Os Estados Unidos importam cerca de 100 bilhões de dólares em tecidos e roupas por ano. Mais da metade desse volume vem da China e de outros países asiáticos.
Mais cedo, a China rebateu a ameaça de Trump de impor uma tarifa extra de 50% sobre os produtos importados do país. Em nota, o Ministério do Comércio chamou o governo norte-americano de “chantagista”, dizendo que a nova ameaça “era um erro em cima de outro erro”, e prometeu lutar contra as taxas “até o fim”.
