Polarização política preocupa mesários e presidentes das seções eleitorais
Um milhão e setecentos mil mesários vão trabalhar durante a eleição; Justiça Eleitoral aprimora segurança
Soanne Guerreiro
O Valter não teria motivos pra preocupação. Já foi mesário diversas vezes. Sabe o que fazer, quais cuidados tomar. Como sempre. Mas desta vez, com a intensa polarização que a política instalou no país, tem medo do antes, do durante....e do depois da votação. "Espero que não aconteça nada de grave", confessa Valter.
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E o Valter não é o único com esta preocupação. Cerca de 2 milhões de pessoas vão trabalhar como mesários nas eleições deste ano. Neste ano eles têm uma preocupação a mais por conta do atual cenário de tensão política. Não é difícil imaginar que as disputas de votos possam se tornar casos de distúrbios nas sessões. Diante disso, os tribunais eleitorais aprimoraram as estratégias de segurança e a capacitação destes profissionais. Alegações infundadas sobre as urnas e as atuais restrições, como em relação aos celulares, são fatores que podem acirrar os ânimos durante o período eleitoral. E complicar a vida dos mesários que estarão na ponta de todo o processo. " É esse clima que levou a justiça eleitoral a proibir o porte de armas a menos de 100 metros dos locais de votação", relembra Valter.
"O celular ou qualquer aparelho que tenha câmera fotográfica, como tablets, também não podem ser levados à cabine de votação" - Valter Ribas Filho, mesário
A atenção dos mesários tem justificativa. Quem não aceitar cumprir as determinações da Justiça Eleitoral não poderá votar. Simples assim. A questão é que, em qualquer situação desse tipo, quem tem que decidir e tomar as devidas providências são os presidentes das seções. Por conta disso mesmo, eles são orientados a prevenir conflitos e, se for o caso, acionar as forças de segurança. Só que para chegar até os presidentes das seções, a primeira iniciativa para coibir as atitudes inapropriadas tem que partir dos mesários. "A nossa recomendação, até para que o mesário não se ausente da sessão eleitoral, é que ele chame o responsável pelo local de votação que acionará o cartório eleitoral e as forças públicas conforme as instruções de cada Cartório Eleitoral", orienta Thayanne Pirangi, secretária de gestão de pessoas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Voluntários
Mesmo com tanto receio, um milhão e setecentos mil mesários irão atuar no primeiro turno das eleições. E quase a metade deles, 830 mil, são voluntários. O mais curioso é que o número duplicou em comparação às eleições de 2018, quando 430 mil pessoas se prontificaram a trabalhar durante a votação. O time dos que foram convocados a trabalhar este ano, fica com os demais 870 mil mesários. "Todos estão sendo muito bem treinados. Existe toda uma cooperação que está sendo feita junto com a polícia pra trazer sempre uma segurança pro eleitor que fizer uma eleição limpa e transparente", assegura Karen Fontenele, servidora do TRE do Distrito Federal (DF).
Para Juliana Gomes, que vai presidir uma seção eleitoral e será a autoridade máxima no posto de votação, a missão é garantir o sigilo do voto e a segurança da urna. "Que seja realmente um dia calmo, um dia tranquilo e que as pessoas saiam de suas casas sabendo o que vão fazer e respeitando o outro", deseja.