Vice-presidente do Corinthians presta depoimento sobre "laranjas" em acordo com a Vaidebet
Armando Mendonça afirmou que a negociação com a patrocinadora não previa intermediários
Fabio Diamante
O vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, prestou depoimento à polícia nesta quinta-feira (4), no inquérito que investiga o uso de "laranjas" no contrato entre o clube e a ex-patrocinadora Vaidebet. O dirigente disse que a negociação não previa intermediários.
Armando Mendonça foi ouvido na delegacia de combate à corrupção e lavagem de dinheiro por três horas. O depoimento do segundo vice-presidente do Corinthians foi acompanhado por um promotor de Justiça do Gaeco - o grupo de repressão ao crime organizado do Ministério Público.
Na saída, o cartola falou com os jornalistas sobre a suspeita de corrupção dentro do clube: "eu vim aqui na condição de testemunha, não sou investigado de absolutamente nada".
Armando Mendonça foi quem contratou um detetive para investigar a suspeita de que parte do dinheiro da comissão do contrato assinado entre o Corinthians e a Vaidebet - empresa de apostas esportivas - foi enviado para uma empresa fantasma.
O cartola diz ter recebido a informação de um jornalista pouco antes da publicação de uma reportagem que denunciou o escândalo.
"O que eu fiz foi que, quando eu tive conhecimento através da informação de um jornalista que todos têm conhecimento, eu pedi para que fossem levantadas informações simples, informações públicas da empresa Neoway. Apenas e tão somente isso", disse Armando.
A Neoway Soluções Integradas recebeu R$ 1,4 milhão de comissão. A empresa está em nome de uma moradora de um bairro carente de Peruíbe, no litoral paulista.
O dirigente do Corinthians disse no depoimento que participou de uma reunião antes da assinatura do contrato. Armando Mendonça afirmou que nesse encontro da diretoria foi informado que não haveria pagamento de comissão pra ninguém.
"Eu espero que a autoridade policial encontre o caminho do dinheiro e principalmente a mando de quem foram feitas essas irregularidades", afirmou Armando.
A investigação aguarda agora a decisão da Justiça sobre o pedido de quebra dos sigilos bancário e fiscal e o bloqueio das contas da Neoway e de Alex Fernando André, o Alex Cassundé - que intermediou o contrato e recebeu a comissão. Outros dirigentes do Corinthians podem ser intimados para prestar depoimento.