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PF indicia 17 criminosos por roubo de R$ 30 milhões no aeroporto de Caxias (RS)

Viatura falsa da PF, "jammers" para bloquear rastreador, "miguelitos" fura-pneus, arma de guerra e ajuda do PCC; grupo atuava em SP, MG e PR

PF indicia 17 criminosos por roubo de R$ 30 milhões no aeroporto de Caxias (RS)
Criminosos usaram falsa viatura para roubar avião pagador em Caxias do Sul. (Crédito: PF/Divulgação)
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O assalto ao avião pagador carregado com R$ 30 milhões, no aeroporto de Caxias do Sul (RS), teve a participação da facção PCC e foi realizado por um grupo especializado em roubos a carros-fortes, bancos e empresas de segurança, que atua há pelo menos duas décadas, em São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

A Polícia Federal (PF) indiciou 17 criminosos pelo crime e detalhou, nesta segunda-feira (2), como agiram os bandidos. O assalto ao avião pagador, no dia 19 de junho, terminou em troca de tiros da polícia com os criminosos - um policial militar morreu e outro ficou ferido.

Envolvidos em assalto a carro forte em aeroporto de Caxias do Sul (RS) são presos em SP

O mega assalto ao avião pagador em Caxias (RS) surpreendeu policiais. O grupo usou roupas e viaturas da PF falsos, um "jammer" (equipamento que bloqueia rastreio por satélite), "miguelitos" (armações de ferro usadas para furar pneus), explosivos, armamento pesado, rede fechada de comunicação entre outros.

Ao todo, 12 pessoas foram presas nas investigações - dois morreram em confrontos com a polícia. O inquérito da Operação Elísios foi encerrado pela PF, na sexta-feira (30), e os detalhes da apuração divulgados nesta segunda (2), na sede, em Porto Alegre, com a presença do secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, o comandante da Polícia Militar e o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Os indiciados são acusados de latrocínio, organização criminosa, falsificação de documentos, posse de arma de uso restrito, lavagem de dinheiro, embaraço à investigação entre ouros.

A PF quebrou dados bancários dos investigados, analisou a comunicação usada, cruzou informações e detalhou como o grupo planejou e executou o crime. Foram 19 pessoas identificadas, mas nove deles tiveram participação direta na execução do assalto.

O plano

Era 7h30 quando os executores do assalto se apresentam no portão B do Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul - o mesmo que em maio serviu de alternativa para voos e decolagens suspensos em Porto Alegre pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul.

O delegado da PF Márcio Teixeira contou que com farda e viatura falsos da PF, eles tiveram acesso liberado a uma área restrita do aeródromo, para executar o roubo do dinheiro. Os valores eram da Caixa Econômica Federal (CEF) e chegaram no avião pagador, na manhã daquele dia 19.

"Os criminosos estavam voltados a uma iniciativa criminosa que seria dia 13, quando uma aeronave pagadora chegaria em Caxias do sul com R$ 10 milhões. Eles abandonaram a execução por motivos ainda desconhecidos e reorganizam o ataque para o dia 19", explicou o delegado da PF Márcio Teixeira.

No dia do crime, eles fugiram com R$ 15 milhões. O dinheiro da CEF vinha no avião de Curitiba (PR) e seria transportado em dois carros-fortes. Foi na transferência dos valores que os criminosos invadiram a pista e houve confronto. O assaltante que foi baleado e morreu estava em uma caminhonete. No automóvel, a polícia apreendeu os outros R$ 15 milhões que seriam levados.

PCC

O grupo era profissional e agia com violência, em parceria com o PCC. "Eles atuavam em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, com bastante violência", explicou o delegado. Um fuzil de guerra calibre .50 - usado para derrubar aeronaves - foi apreendido.

O grupo pode ter envolvimento com pelo menos 15 mega assaltos, segundo a PF, cometidos nas últimas duas décadas.

Segundo o delegado da PF, a ação teve quatro fases: o planejamento, a execução, a fuga e a exfiltração (retirada de homens, armas, veículos e materiais usados no crime do local).

"A primeira fase se deu dez dias antes. Eles partiram da capital paulista, São Paulo, e iniciou a fase de 'infiltração' no Rio Grande do Sul."

A forma de planejamento da ação contou com a expertise de criminosos da facção paulista, segundo a PF, e a atuação de membros de uma facção local. "É uma estrutura de comunicação bilateral entre essas facções", disse Teixeira. Segundo ele, os carros deslocados (roubados e clonados) para a ação, a estrutura de locais e equipes para apoio, demostram o alto grau de especialização."

Foram deflagradas cinco fases da Operação Elísios, com foco em São Paulo e Rio Grande do Sul. Foram 12 buscas e apreensões, 26 veículos apreendidos e bens sequestrados.

Em pouco mais de um mês de investigações, a PF objeto sigilos dos alvos, apreendeu telefones, radiocomunicadores, fez buscas em endereços usados como esconderijo, entre outros. Num deles, achou os adesivos usados para a falsa viatura da PF, os girolflex usados, placas, coldres. 

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