"Predador sexual": motorista investigado por abusar sexualmente de menores em Alphaville é solto pela Justiça
Suspeito era homem de confiança de famílias que moram em condomínios de luxo da região

Derick Toda
O motorista Marcos Eduardo Bernardes Silva, conhecido como "Marcão", que estava preso preventivamente por suspeita de abuso sexual contra menores de idade em Alphaville, na Grande São Paulo, foi solto após a Justiça aceitar um pedido de Habeas Corpus, nesta segunda-feira (1º).
O SBT teve acesso, com exclusividade, aos processos judiciais do caso, que estão em segredo de Justiça. A expedição do alvará de soltura ocorreu dois dias depois da denúncia do Ministério Público, que aponta Marcão como um "predador sexual", segundo a promotora Renata Caetano Pereira. A denúncia ainda não foi avaliada pela Justiça, que decide se torna Marcos réu.
Segundo o MPSP, Marcão era o motorista de confiança de famílias que moram em condomínios de luxo da região, contratado para o transporte dos filhos nos colégios de ponta, como o Morumbi, St. Nicholas, Pentágono e Internacional. Marcão exercia a função para mais de 100 adolescentes.
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A promotoria aponta que ele praticava atos libidinosos, oferecia e servia bebidas alcoólicas, entregava a direção do veículo para os jovens, adquiria conteúdo pornográfico dos adolescentes, induzia e corrompia os menores de idade para exploração sexual, além de submetê-los em situações vexatórias.
O homem, de 56 anos, se "fazia de amigos dos adolescentes, com voz infantilizada" para "satisfazer sua lascívia e de se favorecer sexualmente", segundo a promotora.
Marcão foi denunciado pela promotoria pelos seguintes crimes:
- Violação sexual mediante fraude (três vítimas);
- Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável (quatro vítimas);
- Falsidade ideológica e corrupção de menores;
- Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada (quatro vítimas);
- Fornecer bebida alcoólica a criança ou adolescente (três vítimas);
- Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento (cinco vítimas);
- Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente (cinco vítimas).
Umas das vítimas seria filho de um desembargador da Justiça e outra de um dos maiores cartolas do futebol brasileiro. Para cada vítima identificada, a promotoria pediu indenização no valor de R$ 100 mil.
Soltura

Um mês depois da prisão, a defesa de Marcos pediu a revogação da prisão preventiva, alegando doença grave e que o homem era o principal provedor financeiro da própria mãe, que tem 91 anos.
O Ministério Público se manifestou contrário à soltura e a juíza Nátlia Domingues Takaki manteve a detenção para "evitar a reiteração criminosa", em decisão no dia 8 de julho.
Depois da negativa, a defesa de Marcão entrou com um habeas corpus, solicitando a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares, que o obrigam a não deixar a Comarca e manter uma distância de 100 metros das vítimas e testemunhas. O pedido foi aceito pelo desembargador Guilherme de Souza Nucci, que expediu o alvará, nessa segunda-feira (1º).
A advogada Lygia Torres, que representa uma das vítimas, afirmou que a soltura é "uma injustiça. A vida das crianças, a integridade física e psicológica ficam vulneráveis. Agora, o homem é reinserido nos mesmos ambientes que as vítimas frequentavam".
Lygia disse que vai entrar com recursos para que o habeas corpus seja revogado e espera que a Justiça aceite a denúncia do Ministério Público.
O advogado que representa Marcos Eduardo Bernardes Silva afirmou que se posicionará por meio dos autos.