Polícia investiga empresa suspeita de aplicar golpe milionário em dezenas de clientes
Empresa prometia fazer uma ponte entre empresas patrocinadoras e projetos sociais ou culturais usando leis de incentivo.
A polícia de São Paulo investiga uma empresa que se apresenta como intermediadora de negócios, suspeita de aplicar um golpe milionário em dezenas de clientes. O SBT traz os detalhes com exclusividade.
As vítimas pagavam por um serviço que prometia captar patrocínio para projetos, mas alegam que tudo não passava de uma farsa.
O bispo Caio Felipe assinou um contrato com a empresa, em Campinas, há quase dois anos. Os patrocínios nunca chegaram.
"Eles tinham um discurso muito eloquente: porque a CEO da empresa afirmava categoricamente que ela tinha captado R$ 7 bilhões", conta a vítima.
A Meekah Intermediadora de Negócios prometia fazer uma ponte entre empresas patrocinadoras e projetos sociais ou culturais usando leis de incentivo.
Pelo serviço, a empresa cobrava taxas. O bispo pagou R$ 42,5 mil com a promessa de receber R$ 35 milhões.
"O meu principal projeto era comprar um espaço no Brás, pro centro cultural da igreja, que serviria também para a realização dos cultos", conta.
Júnior Cadima, mestre em educação, prepara professores para aulas on-line. Ele foi procurado pela Meekah com a promessa de que seriam captados recursos para que ele construísse uma escola.
"Eles fizeram o que chamaram de upgrade. No primeiro momento foi R$ 7 mil pra receber R$ 600 mil. Depois, investimos mais R$ 10 mil pra receber R$ 3 milhões, e depois a gente colocou mais R$ 15 mil pra subir pra R$ 10 milhões", conta a vítima.
O patrocínio nunca caiu na conta. Cansados de esperar, os clientes entraram na Justiça e descobriram que havia outras vítimas. Muitas delas estão em um perfil no Instagram, com mais de dois mil seguidores.
Desconfiado de que Júnior seria o administrador do perfil, Fernando Semensato, que se apresenta como consultor da empresa, fez ameaças a ele em uma chamada de vídeo: "seu vagabundo, acabou pra você, irmão, acabou pra você, acabou pra você. Eu estou colando em você!".
"Não há qualquer prova de captação de meios governamentais ou nao governamentais, eles nunca apresentaram provas de que essa captação foi feita", afirma a advogada criminalista Carolina Defilipi, que defende 10 clientes que teriam sido elsados pela Meekah.
A Polícia Civil afirmou que o inquérito está em andamento e que o Ministério Público Estadual acompanha o caso.
A Meekah funcionava em um prédio, num bairro nobre de Campinas. O mato toma conta da entrada do escritório que está fechado. Os investigadores apontam que a empresa assinou mais de 6.000 contratos pelo país, movimentando quase R$ 70 milhões.
Nilton Silva, irmão de Neli Álvaro, sócia da Meekah, disse que os clientes que não receberam o dinheiro apresentaram projetos fracos, como o do bispo Caio.
"As pessoas ririam ao ver o projeto dele. Nós temos poucos clientes que tiveram êxito, o projeto às vezes não foi aprovado", afirma o representante.
Fernando Semensato, que aparece no vídeo fazendo ameaças ao cliente, também se defendeu: "como eles estão insatisfeitos, porque eles não atingiram o objetivo deles, eles estão com esse discurso de ódio. Eu não ameacei os dois de morte porque isso não diz respeito a um homem de bem".