Polícia Federal mira PMs suspeitos de envolvimento em milícia de deputado da Bahia
Operação desta quarta-feira (28) é desdobramento de ação realizada em 2023, que apontou o parlamentar Binho Galinha como líder de organização criminosa

Emanuelle Menezes
com Aratu On
A Polícia Federal realiza, na manhã desta quarta-feira (28), uma operação contra policiais militares suspeitos de integrar uma organização criminosa comandada pelo deputado estadual Binho Galinha (PRD), em Feira de Santana, na Bahia.
A Operação Fallen é um desdobramento da El Patrón, iniciada em 7 de dezembro de 2023 e que apontou o parlamentar como o líder do grupo de milicianos, que domina com sangue e violência bairros da periferia da cidade.
+ Mulher de deputado da Bahia acusado de chefiar milícia é presa pela PF
Nesta fase, são cumpridos quatro mandados de busca e apreensão contra PMs suspeitos de participarem da milícia de Binho Galinha. A operação é realizada em conjunto com o Ministério Público da Bahia (Gaeco), a Força Correcional Integrada (Force/Coger/SSP/BA) e a Corregedoria da Polícia Militar.
Segundo a PF, os agentes investigados são acusados de envolvimento em lavagem de dinheiro oriundo do jogo do bicho, agiotagem, extorsão, receptação qualificada, entre outros crimes, dos quais Binho Galinha seria o mentor. O grupo atuaria em Feira de Santana e cidades próximas.
Em fevereiro deste ano, Binho Galinha foi denunciado pelo Ministério Público da Bahia por, supostamente, chefiar o grupo criminoso.
Na primeira fase da El Patrón, foram cumpridos 10 mandados de prisão preventiva, 33 de busca e apreensão, além do bloqueio de mais de R$ 200 milhões em contas bancárias dos investigados. Também houve o sequestro de 26 imóveis urbanos e rurais e a suspensão de atividades de seis empresas.

El Patrón
Em dezembro de 2023, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação El Patrón, com o objetivo de desarticular uma sofisticada organização criminosa liderada pelo deputado estadual Binho Galinha. Segundo as investigações, o grupo era especializado em práticas ilícitas como lavagem de dinheiro, jogo do bicho, agiotagem, extorsão e receptação qualificada.
A operação revelou o envolvimento de três policiais militares, que atuavam como o braço armado do grupo, realizando cobranças mediante violência e grave ameaça. Relatórios da Receita Federal também apontaram inconsistências fiscais, movimentações financeiras incompatíveis e bens não declarados.
As investigações revelaram que a organização movimentou mais de R$ 100 milhões ao longo de uma década. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 200 milhões em bens, incluindo fazendas, imóveis urbanos, veículos e contas bancárias de empresas ligadas ao grupo. Além disso, seis delas tiveram suas atividades suspensas.
À época, em nota enviada à imprensa, Binho Galinha negou o cometimento de todos os crimes e afirmou colaborar com a Justiça no processo. "O deputado Binho Galinha volta a afirmar que jamais praticou os crimes que estão sendo lhe atribuídos e que vai provar sua inocência na Justiça", disse.
Em abril de 2024, a mulher do parlamentar, Mayana Cerqueira da Silva, foi presa durante a Operação Hybris, outro desdobramento da El Patrón.
Quem é Binho Galinha
Kleber Cristian Escolano de Almeida, mais conhecido como Binho Galinha, tem 47 anos e é natural de Milagres, na Bahia.

Foi eleito deputado estadual em 2022 com 49.834 votos. Em seu primeiro mandato como parlamentar, ele é vice-líder do bloco MDB/PSB/Patriota/PSC/Avante na Assembleia Legislativa da Bahia.
Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Binho Galinha informou que era proprietário de um posto de gasolina no bairro Maria Quitéria, em Feira de Santana. Ele também já foi dono de um ferro-velho na cidade.