Mulher de deputado da Bahia acusado de chefiar milícia é presa pela PF
Operação apura lavagem do dinheiro obtido com o jogo do bicho, agiotagem, extorsão e receptação; 5 PMs ligados a Binho Galinha foram afastados
A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (9) Mayana Cerqueira da Silva, mulher do deputado estadual da Bahia Kleber Cristian Escolano de Almeida (Patriota), conhecido como o Binho Galinha. O parlamentar e ex-policial militar está em prisão domiciliar desde dezembro, acusado de ser chefe de uma milícia que atua em Feira de Santana, na região metropolitana de Salvador, e região.
Mayana Cerqueira também cumpria prisão domiciliar e foi presa preventivamente. Segundo a PF, com o avanço das investigações, desde dezembro, "evidenciou-se a imprescindibilidade do seu retorno à prisão".
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A Operação Hybris cumpriu ainda 17 mandados de busca e apreensão, um deles, na residência do deputado. Decisão da 1ª Vara Criminal de Feira de Santana (BA) suspendeu também mais cinco policiais militares de suas funções públicas, acusados de elos com a milícia.
Foram bloqueados ainda cerca de R$ 4 milhões das contas bancárias dos investigados. Uma empresa, suspeita de envolvimento com os esquemas de lavagem de dinheiro, teve as atividades econômicas suspensas.
Mayana foi presa pela primeira vez em dezembro, junto com o filho do casal, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano. A operação desta terça-feira é um desdobramento da Operação El Patrón, que teve como alvos centrais Binho Galinha e a milícia.
O grupo movimentava cifras milionárias explorando atividades econômicas e coagindo moradores. Em dezembro, R$ 200 milhões haviam sido bloqueados de contas dos alvos, além de 26 propriedades que foram judicialmente sequestradas. Outras seis empresas usadas foram suspensas.
A defesa de Mayana negou envolvimento dela com crime, no inquérito e tentou em janeiro anular a medida de prisão domiciliar que tinha contra ele. A reportagem busca contato com os defensores. Binho Galinha, após as buscas dessa manhã, divulgou nota via assessoria de imprensa informando que está à disposição da Justiça.
PMs
Entre os alvos da operação Hybris há novos policiais militares, entre eles um tenente-coronel, acusados de serem "o braço armado do grupo". Cinco foram afastados dos cargos. Segundo a PF, o grupo tinha atribuição de "fazer a segurança das variadas atividades ilícitas desenvolvidas pela organização, além de ocultar a propriedade de bens e dissimular valores angariados em decorrência de infrações penais".
Além da PF, integraram a operação a Polícia Civil, a Receita Federal, com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual.