PF mira esquema que enviou 2 mil fuzis de Miami para comunidades do Rio de Janeiro
Armamento era distribuído à facção Comando Vermelho; um suspeito foi preso em flagrante por atirar contra policiais federais no Recreio dos Bandeirantes
Felipe Moraes
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (20), a operação Cash Courier, contra um esquema criminoso que enviou cerca de 2 mil fuzis de Miami (Estados Unidos) para abastecer a facção criminosa Comando Vermelho (CV) em comunidades do Rio de Janeiro.
A força-tarefa mobilizou cerca de 80 policiais federais e 10 agentes civis para cumprir 14 mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e empresariarias ligados a integrantes do CV, na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes.
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Um dos alvos foi preso em flagrante por atirar contra agentes quando eles anunciaram entrada na casa para realizar buscas, no Recreio. Além dos crimes pelos quais é investigado, o suspeito vai responder por tentativa de homicídio contra policiais federais e posse ilegal de arma de fogo.
Investigação em curso desde 2017
Além dos mandados, a Justiça também determinou sequestro e bloqueio de R$ 50 milhões em bens e ativos. A Cash Courier é desdobramento da operação Senhor das Armas, que apreendeu 60 fuzis no Aeroporto do Galeão, em 2017.
A investigação continuou e a PF acabou descobrindo um grupo criminoso responsável por enviar milhares de fuzis de Miami, na Flórida, para o RJ. "Uma vez em território fluminense, o armamento era distribuído à maior facção criminosa com atuação em comunidades do estado", detalhou a corporação.
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A apuração policial ainda identificou o "verdadeiro líder da organização criminosa, que se utilizava de pessoas físicas e jurídicas para aquisição de imóveis e bens voltados para a lavagem do dinheiro obtido por meio do tráfico internacional de armas".
Investigados podem responder por crimes de tráfico internacional de armas, organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção ativa e passiva.
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A operação Cash Courier contou com apoio do Ministério Público Federal (MPF), do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra), órgão da Secretaria Estadual de Polícia Civil do RJ (Sepol/PCERJ), e da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O nome da força-tarefa de hoje, segundo a PF, "faz referência a uma das formas empregadas pela organização criminosa para fazer a remessa dos valores destinados e obtidos por meio do tráfico internacional das armas, utilizando integrantes do grupo para movimentar dinheiro em espécie".
*Texto atualizado às 9h34