Polícia Federal faz operação contra facção acusada de interferir ilegalmente no processo eleitoral em Bagé (RS)
Força-tarefa Impedimentum ocorre após comício de candidato do PT à prefeitura ser interrompido por tiros disparados por homem encapuzado
A Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil do Rio Grande do Sul fizeram, nesta quinta-feira (26), uma operação para combater uma associação criminosa que estaria interferindo no processo eleitoral em Bagé (RS). Segundo a PF, a Brigada Militar e a Polícia Penal também apoiaram a chamada Operação Impedimentum.
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Os agentes cumpriram 17 mandados de busca e apreensão domiciliares, dois mandados de prisão preventiva e um mandado de prisão temporária, nas cidades de Bagé e Santa Maria (RS), e na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (RS). As ordens foram expedidas pela 1ª Vara Criminal de Bagé.
As investigações que motivaram a operação começaram a partir do caso, atendido pela Brigada Militar, em que pessoas armadas invadiram a residência de um candidato a vereador do PT em Bagé na madrugada do último dia 13 de setembro. A vítima e seus familiares foram agredidos e ameaçados pelos invasores. O teor das ameaças indicava possível motivação eleitoral para a violência.
Dois dias depois do episódio, o candidato do PT à prefeitura da cidade, Luiz Fernando Mainardi, teve um comício interrompido por um homem encapuzado, que invadiu o Núcleo Ney Azambuja, onde era realizado o evento, e fez disparos de arma de fogo. O suspeito fugiu na sequência. Havia cerca de 800 pessoas reunidas no comício. Ninguém ficou ferido.
De acordo com Mainardi, o homem disparou várias vezes. Para o petista, o ocorrido deve ser classificado como tentativa de homicídio. "É muito grave, estamos fazendo uma campanha muito tranquila, estamos caminhando para construir uma vitória. Lamentavelmente, esse episódio assustou a todos que estavam ali", afirmou.
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De acordo com a PF, nas investigações, foi descoberto que uma facção criminosa, voltada ao tráfico de drogas e outros crimes, estaria apoiando a campanha de uma candidata em Bagé, "por meio do angariamento de votos, da cessão de imóveis para colocação de artigos de campanha, de atividades de segurança, entre outras formas de colaboração".
A PF ressalta que há "fortes indícios" de que a facção esteja envolvida nos dois casos (invasão da residência de um candidato no dia 13 e interrupção de um comício de outro com disparos de arma de fogo por um homem encapuzado no dia 15).
"Após análise de imagens de câmeras de segurança e abordagem ao possível veículo usado pelo grupo criminoso para dar fuga aos suspeitos até as cidades de Rio Grande/RS e Santa Maria/RS, foram identificadas duas mulheres envolvidas no caso", acrescenta o comunicado.
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Há dois dias, o homem identificado com o responsável pelos tiros no comício de Mainardi, que era alvo de um mandado de prisão preventiva, foi encontrado morto, por disparos de arma de fogo, em Iaara (RS). Segundo a investigação, o assassinato foi motivado por provável queima de arquivo.
De acordo com a PF, as ações criminosas nos dias 13 e 15 de setembro "teriam como objetivo amedrontar alguns candidatos, bem como seus eleitores, interferindo diretamente no pleito eleitoral".
Acompanhamento das eleições em Bagé
Na última segunda-feira (23), o líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa do RS, Miguel Rossetto (PT), entregou ao desembargador Voltaire de Lima Moraes, do Tribunal Regional Eleitoral do estado, um documento assinado pelos 11 deputados da Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV), solicitando atenção aos fatos que ocorrem nas eleições de 2024 em Bagé, "adotando os cuidados e as providências necessárias para que a campanha possa retornar à normalidade".
A motivação foram os tiros no comício de Mainardi e várias agressões a candidatos da coligação dele.
O documento pede medidas preventivas, por parte do tribunal, no período eleitoral até o dia da eleição, para garantir a segurança pública e a manutenção de um pleito just e democrático, incluindo a convocação da Força Nacional de Segurança.