PF investiga quadrilha que usou empresa de efeitos cinematográficos para guardar armas traficadas dos EUA
Operação Ficção ou Realidade faz buscas contra alvos no Paraná e no Rio de Janeiro; criminosos também teriam vendido material bélico a facções e milícias

Felipe Moraes
Uma quadrilha que usou empresa de efeitos cinematográficos para armazenar armas, acessórios e munições traficados dos Estados Unidos e mascarar ações de contrabando foi alvo da Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (4). A operação Ficção ou Realidade cumpriu seis mandados de busca e apreensão em residências de alvos em Curitiba (PR), Maringá (PR) e no Rio de Janeiro (RJ).
Investigados também suspeitam que o grupo criminoso tenha vendido material bélico a facções e milícias atuantes no RJ. As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Diversas agências e órgãos norte-americanos ajudaram a força-tarefa.
Segundo a PF, a investigação se baseou em informações da Receita Federal. O grupo importava material bélico de forma irregular e, com objetivo de não levantar suspeitas, contratou empresa do ramo de efeitos cinematográficos para guardar armamentos, "sob a premissa de estar lidando com materiais de efeito não lesivo destinados ao serviço de show pirotécnico".
Em janeiro, autoridades dos Estados Unidos apreenderam uma quantidade expressiva de acessórios bélicos em Miami. De acordo com a PF, esse material "estava prestes a ser enviado clandestinamente ao território nacional".
Naquela ação, foram recolhidos 261 carregadores de alta capacidade, "geralmente utilizados por milicianos e traficantes para exercer domínio territorial, visto que comportam até 90 munições de grosso calibre e alto poder destrutivo"; e 88 acessórios de conversão chamados de Kit Roni, que dão estabilidade e precisão às armas e transformam semi-automáticas em automáticas.
Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico internacional e comércio clandestino de armas e acessórios e associação criminosa. Em caso de condenação, as penas, somadas, podem chegar a 31 anos de reclusão.
Em nota, a PF explicou o nome escolhido para a operação Ficção ou Realidade: "Devido à hipótese criminal investigada quanto à influência e dissimulação praticada, através da empresa do ramo de efeitos cinematográficos, no tráfico e comércio clandestino de arma de fogo".









