Operação da PF desmantela quadrilha que movimentou R$120 bilhões em 5 anos; policiais integravam esquema
Um policial civil e um capitão da PM estão entre os 13 presos; investigação expõe ligações com o PCC e fintechs clandestinas
A operação da Polícia Federal mirou em um esquema milionário de lavagem de dinheiro do crime organizado, mas revelou também membros corruptos da Segurança Pública de São Paulo. Na ação desta terça-feira (26) foram presos 13 suspeitos, incluindo o policial civil Cyllas Elia, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), e o capitão da Polícia Militar Diego Costa Cangerana, ex-integrante da Casa Militar do Palácio dos Bandeirantes.
Cyllas Elia, afastado de suas funções, é proprietário da fintech 2GO Bank, suspeita de operar como sistema bancário clandestino. O empresário Antônio Vinícius Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto de Guarulhos no dia 8, havia apontado Cyllas como sócio de dois integrantes do PCC em depoimento à Corregedoria.
As investigações indicam que a rede criminosa movimentou 120 bilhões de reais em cinco anos, com transações internacionais que incluíram países como Hong Kong, Canadá e Emirados Árabes. Em um escritório na Avenida Paulista, foram apreendidos 300 mil reais em espécie.
Segundo o delegado da Polícia Federal Edson Geraldo de Souza, os recursos eram oriundos do tráfico de drogas e contrabando. O capitão Diego Cangerana, transferido recentemente para atuar na região da Cracolândia, foi destacado por sua proximidade com o governador Tarcísio de Freitas. Registros mostram o oficial ao lado do governador em eventos oficiais e durante campanhas eleitorais.
A Secretaria de Segurança Pública informou que não foi notificada de apurações contra ele na época em que integrava a Casa Militar. A assessoria da fintech 2GO Bank declarou estar à disposição das autoridades, enquanto as defesas de Cangerana e Elia não foram localizadas até o fechamento da matéria.