Motoristas por app são obrigados a colar adesivo no carro para identificar pagamento a criminosos no Rio
Operação contra o crime de extorsão acontece na Ilha do Governador; duas pessoas foram presas
A Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) realiza uma operação em caráter excepcional nas comunidades do Complexo do Dendê, na Ilha do Governador, na zona norte da cidade, na manhã desta segunda-feira (4). A ação acontece logo após o Ministério Público (MP) denunciar criminosos da região por ameaça e extorsão de motoristas de aplicativo.
As investigações apontam que o crime é executado por traficantes do Terceiro Comando Puro e por milicianos que monitoram o Morro do Dendê. Além de planilhas de cobranças, os bandidos armazenam fotos dos motoristas e até dados pessoais. Para identificar quem paga a taxa em dia, os motoristas são obrigados a usar adesivos de identificação.
Na denúncia do MP, o promotor Sauvei Lai explica que as vítimas relataram ao MP que os bandidos ameaçavam queimar ou quebrar os veículos caso os motoristas não pagassem uma taxa semanal para circular pela região — uma das mais movimentadas do estado por abrigar o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão).
Foragido há sete anos, Mário Henrique Paranhos de Oliveira, conhecido como Neves ou Nem, é apontado como o líder da organização criminosa. A denúncia também aponta que Cláudio da Rosa Gomes da Silva Carvalho, o Nhonho, é o responsável pela cobrança das taxas.
De acordo com a Polícia Civil, as investigações estão em andamento para apurar os fatos. Neste ano, os agentes identificaram sete criminosos e realizam diligências para localizar os demais envolvidos no crime. Até o momento, dois criminosos que fazem parte do esquema foram presos.
Narcomilícia
A aliança do TCP com os milicianos teria iniciado quando os traficantes, Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, e o Gilberto Coelho de Oliveira, o Gil, passaram a explorar o transporte alternativo na região com a ajuda do miliciano Antônio Eugênio de Souza Freitas, o Batoré.
Os três morreram em uma operação em 2019, mas a narcomilícia na Ilha do Governador continua até hoje com novas lideranças.