Polícia investiga envolvimento de ex-vereador de Cotia com o PCC
Escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça comprovariam a participação dele em um julgamento do chamado "tribunal do crime"

Fabio Dimante
A Polícia investiga o possível envolvimento de ex-vereador de uma cidade da grande São Paulo com o crime organizado. Escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça comprovariam a participação dele em um julgamento do chamado "tribunal do crime".
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Uma busca realizada em uma casa em Taboão da Serra, na grande São Paulo, foi o início de tudo. A investigação contra ladrões de residências de luxo encontrou drogas e uma lista de contatos da Facção criminosa do Primeiro Comando da Capital, o PCC.
A análise do que foi apreendido na casa mantida por traficantes de drogas levou os investigadores a três nomes de suspeitos. Um deles, um homem eleito vereador na grande São Paulo. Jovino Ribeiro de Freitas Neto, 51 anos, conhecido como Tim. Ele foi eleito parlamentar da Câmara Municipal de Cotia em 2021 e 2016. Na última eleição, em 2020, Tim ficou com uma vaga de suplente pelo Partido Verde.
Uma escuta telefônica autorizada pela Justiça flagrou uma conferência do chamado tribunal do crime. Entre os julgadores, segundo a polícia, além do vereador Tim, estavam também na linha Alexandre Carlos Alves Brito, conhecido como Máscara, apontado como "disciplina"da facção, Igor de Jesus Oliveira Silva, investigado por roubos a residências e por ter alugado a casa em Taboão da Serra para o PCC.
A ligação caiu antes do veredito, mas segundo investigadores, a sentença foi um espancamento. A polícia já decidiu que vai indiciar o vereador por integrar uma organização criminosa. "Ele participa através de outras pessoas que foram chamadas, inclusive ele se trata como irmão", diz o delegado Fabio Sandrini.
Depois da descoberta do tribunal do crime, a Justiça autorizou a polícia a vasculhar a casa do vereador. Tim morava em um condomínio de casas em Vargem Grande Paulista, na região metropolitana de São Paulo. Para surpresa da polícia, ele tinha se mudado um dia antes. Ficaram para trás bobinas e anotações de jogo do bicho e de caça níqueis e alguns buracos abertos pelo jardim. "O condomínio não sabia que ele tinha se mudado e o imóvel estava vazio, somente essas bobinas e estranhamente tinha alguns buracos no quintal denotando que alguma coisa foi retirada do terreno", conta o delegado.
O SBT ligou para o vereador que disse saber da investigação e que já contratou um advogado. Ele afirmou que é inocente e se definiu como uma pessoa "corretíssima". "Tô no terceiro mandato, dois mandatos, um de suplente, então eu não devo nada pra ninguém. O dia que me convidar estou indo lá, quando chegar de viagem, tudo tá gravado e tá certo. Então não devo nada pra ninguém, de cabeça erguida, não tenho erro com ninguém, graças ao bom Deus."
O Partido Verde informou que não tem conhecimento da investigação ou da suposta ligação de Jovino Ribeiro de Freitas Neto com o crime organizado. O Partido frisou que o filiado que se candidato ao cargo eletivo tem que apresentar ausência de antecedentes criminais.