Exclusivo: número de mortes em roubo cresce em SP e resolução de casos também aumenta
A explicação para a alta na eficiência da polícia está em uma mudança na dinâmica da investigação; entenda
Os latrocínios (roubos seguidos de morte) aumentaram no estado de São Paulo este ano. Nos primeiros seis meses, foram registrados onze casos a mais em relação ao ano passado, segundo a Secretaria da Segurança Pública. No entanto, houve um aumento significativo na resolução desses crimes, conforme revela a reportagem exclusiva.
A explicação para a alta na eficiência da polícia está em uma mudança na dinâmica da investigação, como mostram os repórteres Fabio Diamante e Robinson Cerantula.
+ Polícia investiga morte de garota de 13 anos encontrada asfixiada; assassino está foragido
"A mulher que chora na delegacia é uma advogada. Ela havia acabado de reconhecer o ladrão que atirou, à queima-roupa, no pescoço do marido dela, o major da Aeronáutica Rafael Gomes Moreira, de 38 anos. Foi uma tentativa de assalto no dia 6 de junho, em um bairro nobre na zona sul da capital paulista.
Apesar da imagem sugerir o contrário, o militar não reagiu. O ladrão exigiu que ele desbloqueasse o celular. Rafael se aproximou para liberar o aparelho, que faz reconhecimento facial.
Num breve período de investigação, a polícia prendeu o ladrão, no último fim de semana. Pedro Henrique Maciel de Souza, de 21 anos, mesmo procurado pela polícia após tentar matar o major, ainda assaltou outras duas pessoas. Ele confessou o crime.
O tiro atingiu a medula do major, fazendo com que ele perdesse todos os movimentos do pescoço para baixo.
A prisão rápida do assaltante é resultado da criação de um novo protocolo nas investigações de latrocínio. O local do crime passou a ser analisado em detalhes, como nos casos de homicídio. A partir daí, os policiais criaram um passo a passo para reconstituir o antes e o depois do crime.
Um exemplo dessa investigação foi na morte do advogado Silvio Meirinho de Oliveira, de 58 anos, baleado por ladrões que o atraíram para um falso encontro amoroso, em fevereiro do ano passado. Do local do crime, os investigadores voltaram no tempo e encontraram uma imagem que mostra um dos assaltantes andando na rua com uma lata de refrigerante. Em outra imagem, de uma loja de conveniência, o bandido é visto comprando a bebida e pagando com cartão, o que permitiu sua identificação. Outro salto no tempo revelou provas da fuga dos criminosos, incluindo uma jaqueta descartada que virou evidência.
Foi a análise detalhada do local do crime que levou a polícia a identificar os ladrões que mataram o empresário Carlos Alberto Felicce, de 77 anos, no mês passado, no Jardim Europa, outro bairro nobre na zona sul da capital. O bandido que entrou na mansão era um pedreiro que trabalhava numa obra vizinha. Dentro da casa, os policiais civis encontraram uma pegada, que coincidiu com as botas fornecidas pela empresa responsável pela construção.
Desde 2023, o novo protocolo de investigação levou a Delegacia Especializada em Roubos e Latrocínios a esclarecer quase 70% dos casos. No entanto, o estrago provocado por bandidos que, além de roubar, atiram nas vítimas, continua. Famílias destruídas buscam na tragédia um longo caminho para seguir em frente.
A minha admiração e o meu amor por ele só crescem a cada dia porque sei que a primeira coisa que passou na cabeça dele foi tentar me defender. Eu me lembro de cada detalhe porque essa noite ficará marcada, infelizmente, para o resto da minha vida."
