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Polícia

Exclusivo: empresário é investigado por golpe de R$ 50 milhões em investidores no Brasil e nos EUA

Investidores relatam prejuízos milionários e afirmam que dono da Femmacap Investimentos desapareceu após suspender pagamentos

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O dono de uma empresa de investimentos é suspeito de ter causado um prejuízo estimado em R$ 50 milhões a cerca de 180 investidores espalhados pelo Brasil e nos Estados Unidos.

A Femmacap Investimentos está sediada no Itaim Bibi, zona nobre da capital paulista. As vítimas relatam que o dono da empresa, Mauricio Ben Abraham da Silva, desapareceu com o dinheiro do grupo depois interromper os pagamentos.

“Quem quer aprender os segredos pra ser milionário?” — essa era uma das frases usadas por ele. A empresa prometia retorno mensal de ao menos 5% sobre cotas supostamente aplicadas na Bolsa de Valores. As vítimas são de pelo menos 11 estados brasileiros, a maioria moradora de Parauapebas, no sudeste do Pará.

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Um dos investidores, que preferiu não se identificar, contou que aplicou mais de R$ 1 milhão. “Eu fui fazendo investimentos parcelados. Em um mês, um valor, depois de uns quatro, cinco meses, me capitalizava e fazia outro investimento”, relatou.

Maurício promovia cursos e palestras em várias cidades do interior do país. Foi em um desses eventos que Lídio José Oliveira da Silva o conheceu.

“Eu comecei com 10 cotas e depois fui vendo que havia possibilidade de aumentar meu rendimento. Fui aplicando, vendendo patrimônio. Vendi uma chácara, depois um carro. No final, estava com R$ 187 mil investidos. Esse foi meu prejuízo”, contou.

Os pagamentos foram interrompidos no fim de maio deste ano. Em 2 de junho, Maurício anunciou dificuldades financeiras: “todo o pagamento de rendimento e toda a restituição será suspensa até o dia 2 de agosto de 2025 porque nós passamos por um momento muito difícil”, afirmou em vídeo.

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Mas quatro dias antes desse comunicado, ele ainda havia recebido um investimento de uma mulher que mora na Califórnia, nos Estados Unidos. Ela pagou mais de R$ 23 mil. “Tenho certeza que ele agiu de má-fé”, disse a vítima, que não quis se identificar.

Depois da data prometida, nenhum investidor conseguiu mais contato com o empresário. “Foi aí que nós entendemos o buraco em que havíamos caído. Era tipo uma pirâmide financeira”, conta a vítima.

Ele passava confiança com contratos que previam multas milionárias caso os rendimentos não fossem pagos. No entanto, a Femmacap Investimentos não tem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado financeiro.

Segundo o economista e professor da FIA, Paulo Feldmann, é fundamental verificar esse tipo de registro antes de investir. “A CVM fiscaliza todas as aplicações financeiras no Brasil. Se estiver registrada, não vai cometer irregularidades, porque será punida. Não basta um contrato simples, e isso realmente é um fator de ilusão”, explica.

Além do endereço em São Paulo, a reportagem encontrou outros dois imóveis em nome de Maurício, na Baixada Santista. Todos estavam vazios. Segundo funcionários, ele se mudou há cerca de três meses.

Nas redes sociais, Maurício ostentava uma vida de luxo. O advogado João Amoa Júnior, que o defende, afirmou que o empresário admitiu ter feito aplicações de alto risco. “Ele me disse: ‘Doutor, eu fazia aplicações de alto risco, muitas deram certo, mas as últimas não tiveram sucesso e eu me perdi’”, disse o advogado.

As vítimas se uniram e enviaram uma lista de denúncias ao Ministério Público do Estado do Pará. “A gente também indicou outras pessoas para investir. Todo mundo quer ajudar quem gosta: irmão, pai, filho, amigo próximo”, diz uma delas.

Lídio, uma das vítimas, perdeu o controle financeiro após o golpe. “Eu tinha casa e carro financiados, que pagava com meus rendimentos. Tinha faculdade de filho, não consegui manter. Hoje voltei pro mercado de trabalho, sou motorista de caminhão”, contou.

Nos vídeos publicados antes do desaparecimento, Maurício aparecia dançando e dizendo: “Hoje não tem conta pra pagar”.

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