Empresário é vítima de três furtos em duas semanas no Centro de SP
Após ter a loja saqueada e desistir do negócio, ele teve o escritório invadido duas vezes; prejuízo passa de R$ 400 mil
Um empresário que trabalha no centro de São Paulo se tornou um exemplo do aumento da violência na região. Só nas últimas duas semanas, ele foi vítima de três furtos. Um deles aconteceu na madrugada deste sábado (10), e foi flagrado por câmeras de segurança.
Nas imagens, é possível ver a chegada do bando, por volta das 02h30 da madrugada. Um dos bandidos sobe na perna do outro, toma impulso e escala o muro. Depois, ele quebra a janela e invade o escritório do empresário. O comparsa fica à espera.
Pouco tempo depois, um policial passa pelo local. Ele vê o chinelo no chão, olha para cima desconfiado, e até empurra a porta, para conferir se ela está fechada. Mas, acaba indo embora.
Quinze segundos depois, o criminoso atira caixas para o comparsa. Ele não consegue segurar. Em seguida, joga um monte de fios. Um terceiro comparsa, com um carrinho de supermercado, chega ao local e coloca o material furtado lá dentro. Em seguida, eles vão embora.
O escritório ficou todo destruído. "E aí, eu pergunto: 'quem paga esse prejuízo? A gente não aguenta mais", diz o empresário José Carlos. "Roubaram toda a nossa instalação elétrica, infraestrutura de cabo de rede, lâmpadas, levaram até as lâmpadas".
O mesmo local já havia sido invadido na noite anterior, quase no mesmo horário, com a mesma tática. Na ocasião, o bandido passou menos de 10 minutos no escritório. Uma televisão foi roubada.
Nem os 10 metros que separam o chão das janelas, nem a movimentação constante de veículos na Avenida Ipiranga, no centro da capital paulista, foram o suficiente para intimidar os criminosos. As duas invasões, em 24 horas, só aumentaram um trauma: o dono do escritório já havia sido vítima da insegurança na região da cracolândia.
No dia 27 de janeiro, um grupo de dependentes químicos invadiu a loja da vítima e levou tudo. Com as prateleiras vazias, José Carlos foi obrigado a fechar as portas depois de 15 anos.
"Se fosse por mim, eu desistiria. Mas, a gente tem que pensar que a vida tem que continuar, a gente não pode se render aos bandidos. O mal não pode vencer o bem. Não é possível que uma cidade como São Paulo vai continuar sitiada por esses bandidos. Nós estamos sitiados, essa é a verdade", desabafa o empresário.
Uma câmera de um edifício ao lado do escritóro flagrou a violência na região, em dezembro. Os criminosos tentam convencer um morador a entregar o celular. Eles ficaram ameaçando e foi aí que eles me agrediram, jogaram no portão. Isso acontece, diariamente, aqui. Eles não conseguiram levar meu celular, no dia. Mas, logo em seguida, eu fiquei vendo pela janela, eles pegaram o celular de outra moça. Logo em seguida, ela ficou gritando: 'pega ladrão!'", relata uma vítima.
Como ainda não deu tempo de instalar grades na janela do escritório, José Carlos diz não haver outra alternativa a não ser passar a madrugada no escritório. "Eu vou passar a noite em vigília. Eu vou ficar vigiando aquele local lá, porque não tem autoridade que vigie, então eu vou vigiar".