Delator do PCC denunciou corrupção policial dias antes de ser assassinado
Empresário Antônio Vinicius Gritzbach revelou esquema de propina envolvendo policiais do DHPP antes de execução no Aeroporto Internacional, em Guarulhos (SP)
O empresário Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC, prestou um depoimento importante à Corregedoria da Polícia Civil apenas oito dias antes de ser assassinado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Durante o depoimento, realizado em 31 de outubro, ele fez graves acusações contra policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), relatando um esquema de corrupção ocorrido em 2022.
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Gritzbach, que atuava também como corretor de imóveis de luxo, foi morto a tiros quando retornava de uma viagem ao Nordeste na última sexta-feira (9). Ele havia firmado um acordo de delação premiada com o Ministério Público, no qual prometia entregar integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e policiais envolvidos em atos criminosos.
Em seu depoimento, Gritzbach também afirmou que o delegado Fabio Baena, e o chefe dos investigadores do DHPP, Eduardo Monteiro, exigiram 40 milhões de reais para não o acusarem de envolvimento no assassinato.
O delator disse também, na época, que chegou a pagar um milhão de reais aos policiais, valor entregue em um restaurante na zona leste de São Paulo, por um amigo, dono de uma loja de carros. Durante as investigações sobre a morte de "Cara Preta", o empresário afirmou ter sido levado a um cativeiro e julgado por membros do PCC.
Gritzbach ainda declarou que os policiais teriam recebido mais 10 milhões de reais do PCC para arquivar as investigações sobre o sequestro. Entre os envolvidos estaria Rafael Maeda Pires, o "Japa", membro da facção que teria intermediado parte dos pagamentos. Japa foi encontrado morto com um tiro na cabeça em maio de 2023, e há suspeitas de que tenha sido forçado a se suicidar pelo próprio PCC.
Outr informação que consta da delação premiada é o furto de sete relógios de luxo de sua residência durante uma operação de busca e apreensão realizada por policiais do DHPP em 2022. Ele chegou a publicar uma foto em rede social de um dos investigadores usando um dos relógios, que teria sido apagada após seu depoimento.
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O empresário denunciou, ainda, que os policiais envolvidos no esquema de corrupção abriram empresas de fachada para lavar o dinheiro. Um dos investigadores teria expressado preocupação de que o COAF – órgão responsável pelo controle de atividades financeiras – identificasse as movimentações ilegais.
Nesta quarta-feira (13), a Secretaria da Segurança Pública anunciou que seis policiais civis foram afastados de suas funções. A morte de Gritzbach está sendo investigada por uma força-tarefa que também busca elucidar as suas ligações com o PCC e com policiais corruptos.
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Procurados, o delegado Fabio Baena, e o chefe dos investigadores do DHPP, Eduardo Monteiro, não responderam.