Caso Kaleb: atestado de óbito aponta que bebê morreu após traumatismo no abdômen
Polícia Civil investiga caso; uma das linhas de investigação é de que menino sofria maus-tratos em casa
O atestado de óbito do pequeno Kaleb Gabriel da Cruz Lisboa, de 2 anos, que morreu após ser levado pela mãe e pelo padrasto para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque, na zona norte do Rio, apontou que a criança teve um traumatismo do abdômen com lesão do pâncreas.
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Ainda de acordo com o laudo, emitido na última quarta-feira (17), a lesão causou pancreatite necro-hemorrágica, uma inflamação aguda — e mais grave — no pâncreas, além de peritonite, uma inflamação da membrana que reveste a parede abdominal e cobre os órgãos abdominais.
A mãe do bebê, Aline Julia, contou ao SBT que o filho foi levado à UPA na terça (16) após cair da cama e bater com o tórax em uma estrutura de ferro e o rosto no chão.
Segundo ela, no local, Kaleb foi atendido e encaminhado para internação no Hospital Municipal Albert Schweitzer. Lá, fez um exame de imagem e foi liberado. No dia seguinte, a mulher voltou com o filho à unidade de saúde, mas ele já estava morto, segundo a direção da UPA.
"A direção da UPA Ricardo de Albuquerque esclarece que o pequeno Kaleb deu entrada na unidade no dia 16/07, levado pela mãe e o padrasto. Após relato de queda e vômito feito pelos responsáveis, eles foram orientados a permanecer na unidade para que a criança fosse encaminhada com prioridade para exame de tomografia, mas optaram por sair à revelia, ou seja, por conta própria, sem alta dada pela equipe médica. No dia seguinte, a criança retornou à UPA já em óbito", diz a Secretaria Estadual de Saúde, em nota.
A mãe e o padrasto do menino acusam o Hospital Municipal Albert Schweitzer de negligência. O corpo do menino vai ser enterrado nesta sexta-feira (19).
Investigação
A Polícia Civil investiga o caso. Familiares e vizinhos do casal acusam a mãe e o padrasto de serem agressivos. Nas redes sociais, uma mulher diz que mora em frente à casa da família e afirma que escutava a criança ser maltratada.
"Na minha opinião, ele não caiu e fizeram maldade com ele. Até porque o susposto marido dela não gostava dele. Outra vez o menino apareceu com a orelha queimada e com marcas de dente no corpo. Isso precisa ser investigado", escreveu a vizinha.
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Em entrevista ao SBT Rio, Aline Julia disse que dava "chineladas" nas pernas do filho e o colocava de castigo porque ele era "muito arteiro".
Para a perícia, uma pancada anterior já havia causado dano nos órgãos do menino. Uma das linhas de investigação da delegacia que investiga o caso envolve maus-tratos. A outra é negligência médica.
A mãe e o padrasto do bebê já prestaram depoimento à polícia, na 31ª DP. A partir de segunda (22), médicos também serão chamados para depor.