Brasil e Paraguai negociam extradição do Senhor das Armas que abastecia CV e PCC
Diego Dirisio, alvo da Operação Dakovo da PF em dezembro, foi preso na Argentina há dez dias; transferência busca condenar alvos por tráfico internacional de armas
Ricardo Brandt
O Brasil, o Paraguai e a Argentina tratam um acordo internacional para extradição de Diego Dirísio, alvo da Operação Dakovo da Polícia Federal. A Justiça Federal na Bahia tem o senhor das armas como réu em processo criminal por tráfico internacional de armas. Autoridades brasileiras buscam fechar os termos jurídicos para a transferência do criminoso para uma penitenciária federal brasileira.
Dirisio é acusado de ser um dos maiores traficantes internacionais de armas da Europa para o CV e do PCC. A PF aponta que o esquema operado via Paraguai, por empresa do alvo, pode ter abastecido com mais de 40 mil armas o crime organizado, no Brasil e na América do Sul, nos últimos três anos.
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Dirísio fugiu pouco antes da Dakovo ser deflagrada. A PF ainda apura se houve vazamento de dados. A Polícia Federal Argentina, com apoio da Interpol, localizou e prendeu o casal em Córdoba. A ação foi em 2 de fevereiro, quase dois meses depois.
DAKOVO EM NÚMEROS
Balanço: PF, polícia Paraguai (Senad) e Estados Unidos
611 armas longas
grosso calibre (fuzis e metralhadoras)/apreendidas
US$ 4 milhões
valor aproximado
1.212 armas curtas
calibre 9mm (pistolas)/apreendidas
US$ 1,2 milhão
valor aproximado
US$ 87,1 mil
valor total em espécie/apreendido
Processos
Na última semana, a Justiça do Paraguai confirmou o bloqueio de bens e valores dos alvos da Dakovo, incluindo Diego Dirisio e a mulher, Julieta Nardi. Foram decretados o congelamento de R$ 66 milhões.
A defesa de um réu recorreu ao Tribunal de Apelação Penal Especializado em Crimes Financeiros, Crime Organizado e Anticorrupção. Pediu o desbloqueio dos valores, o pedido foi negado. O processo no Paraguai corre em paralelo, mas tem conexão com o do Brasil, por acordos de cooperação jurídica internacional. A Dakovo está na 2ª Vara Criminal Federal da Bahia, em Salvador.
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O departamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública responsável pelos pedidos solicitou a extradição de outros alvos da Dakovo, como os vendedores, os intermediadores, um doleiro e dos militares da Dimabel, departamento do governo do Paraguai responsável pelos registros e liberações de importações de armas.
A Operação Dakovo teve início em 2020, em uma apreensão da PF em Vitória da Conquista (BA). A equipe que apagava os registros das armas traficadas, antes de elas atravessarem a fronteira Paraguai-Brasil e serem entregues aos membros das duas facções brasileiras, falhou. Em meio ao armamento interceptado pelos policiais, identificou-se a origem: um fabricante na Croácia.
Foi também pelos números de série das armas - espécie de DNA único de cada peça - que a PF e policiais da Senad (a polícia antidrogas do Paraguai) chegaram à International Auto Supply (IAS). A empresa pertence Dirísio e está sediada no Paraguai.
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