Preso por morte de Moïse afirma em depoimento que agrediu para 'extravasar a raiva'
Todos os envolvidos, no entanto, negaram que tinham intenção de matar a vítima
SBT Notícias
Em depoimento à polícia, os três envolvidos na morte do congolês Moïse Kabagambe, em 24 de janeiro, em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio, afirmaram que não tinham a intenção de matá-lo. Eles também acusaram a vítima de estar bêbado e alterado.
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Brendon Alexander Luz da Silva, conhecido como Tota, é o homem que aparece nas imagens de câmera de segurança do quiosque Tropicália derrubando o congolês no chão e o imobilizando com um 'mata-leão'. Ele é lutador de jiu-jitsu, e afirmou no depoimento que, no dia do fato, Moïse estava bebendo desde cedo e chegou a pegar duas cervejas e, ao tentar evitar que pegasse uma terceira cerveja, o empurrou e imobilizou. Já Fábio Pirineus da Silva afirmou que conhecia a vítima há cerca de um ano e que Moïse era usuário de drogas e consumia muito álcool. Segundo o depoimento dele, o congolês estava na praia desde sábado, 22 de janeiro, e que no dia 24 de janeiro, chegou ao quiosque completamente alterado e falou para o funcionário Jailton que estava com fome e queria beber cerveja, mesmo não tendo dinheiro para pagar. Mas como trabalhava lá, tinha direito de pegar algo. Ele afirmou também que Moïse sempre arrumava confusão com banhistas e trabalhadores.
O terceiro acusado do crime, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, de 27 anos, relatou aos agentes que é cozinheiro e garçom no quiosque Biruta, localizado ao lado do local do crime, e que teria percebido uma mudança no comportamento da vítima, que estaria ameaçando pessoas de agressão e insistindo para as pessoas lhe darem bebida. Aleson também afirmou que as agressões foram para "extravasar a raiva" que estava sentindo porque, segundo ele, o congolês estava "perturbando há alguns dias".
Ao todo, a vítima foi atingida por pelo menos 30 golpes de taco de madeira. Um casal que foi flagrado pelas câmeras no quiosque, no momento do crime, também prestou depoimento. Eles contaram que, ao tentar intervir, ouviram de um dos envolvidos no crime que o rapaz tinha roubado e que eles dariam um corretivo nele. A mulher relatou ter pedido ajuda a dois Guardas Municipais que não foram checar as agressões.
Os três acusados estão presos, aguardando audiência de custódia no presídio de Benfica, na zona norte do Rio.
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