Controladoria-Geral da União apura denúncias de assédio e racismo envolvendo Ministério das Mulheres
Acusações foram direcionadas à ministra e à secretária-executiva; pasta disse que vai averiguar os casos
A Controladoria-Geral da União (CGU) informou, nesta terça-feira (22), que tomou conhecimento pela imprensa de denúncias de assédio moral e racismo envolvendo o Ministério das Mulheres e, na segunda (21), solicitou informações oficiais sobre os relatos à pasta "para o devido acompanhamento e adoção de medidas cabíveis".
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As denúncias vieram à tona na segunda-feira, em reportagem da agência Alma Preta. Segundo a reportagem, servidoras e ex-funcionárias da pasta relataram situações de assédio moral e racismo dentro do ministério comandado por Cida Gonçalves. As acusações foram direcionadas à ministra e à secretária-executiva, Maria Helena Guarezi.
A agência de notícias diz que 17 funcionárias e ex-funcionárias confirmaram a ela situações de assédio moral dentro da pasta. As pessoas pediram anonimato, por medo de represálias.
Ainda de acordo com a reportagem, os relatos apontam que a ex-secretária Nacional de Articulação Institucional, Carmen Foro, que ocupou o posto até agosto deste ano, e a equipe dela foram alvos de assédio moral por parte Cida Gonçalves.
Já a denúncia de racismo é feita contra a secretária-executiva. Conforme o relato, em reunião do ministério na Escola Nacional de Administração Pública (Enap) em 24 de abril, Maria Helena Guarezi disse a Carmen Foro para se sentar porque o cabelo da então secretária nacional, que é crespo, estaria atrapalhando a visão do espaço. A agência diz que o ocorrido foi confirmado a ela por cinco pessoas que estavam no encontro.
Cida Gonçalves não estava, mas foi informada do episódio. Entretanto, não foi tomada qualquer ação e não houve repreensão à secretária-executiva do ministério.
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A reportagem diz que servidoras ouvidas pela agência afirmaram que o Ministério das Mulheres é chamado nos corredores de "Ministério do Assédio".
O SBT News questionou o ministério sobre o episódio e se a ministra ou a secretária-executiva iriam se manifestar. Em nota, a pasta disse apenas que não recebeu denúncia em seus canais competentes sobre nenhum dos episódios mencionados na matéria e que vai "averiguar os casos".
O ministério afirma ser contra "todo tipo de discriminação" e que "tem feito diálogos internos com servidores(as) de todas as áreas, incluindo lideranças e trabalhadores(as) terceirizados(as), sobre prevenção e enfrentamento a todo tipo de assédio e discriminação, bem como os caminhos para se registrar denúncias e o processo de apuração".
No mês passado, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após ser acusado de praticar assédio sexual contra pelo menos dez mulheres.