Polícia identifica principais traficantes de "droga da elite" no país
Quilo de 'dry marroquino' e 'ice', feitos do haxixe, chega a custar R$ 60 mil; pagamentos envolvem carros de luxo
Fabio Diamante
Robinson Cerantula
Policiais do Departamento de Investigações Criminais, o Deic, identificaram os principais traficantes da droga da moda no país. Eles vendem o 'dry marroquino' e o 'ice' – feitos a partir do haxixe, a maconha em estado mais puro. Segundo os policiais, esta é considerada a "droga da elite". Um quilo chega a custar R$ 60 mil.
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O cabeça da distribuição do dry e do ice no Brasil é Pablo Henrique Gonçalves Porto Rodrigues, de 24 anos, que está foragido. Ele foi seguido e filmado por investigadores negociando a droga, ao lado de um Porsche. Os carros importados da quadrilha de Pablo fazem parte da forma de pagamento pela droga.
O traficante foi monitorado enquanto fechava negócio com outros criminosos por mensagens de áudio via celular. "O cara que tá com a Porsche não consegue fazer uma procuração? Até transferir? Porque demora de dois a três dias, tá ligado?", disse o criminoso na mensagem.
Abaixo de Pablo, foram identificados pelos policiais os traficantes Lucas Carvalho Silva, o LK, Matheus Madeira, conhecido como Tom, e Matheus Henrique Souza, o Ratão.
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De acordo com a polícia, a nova droga chega ao Brasil de duas formas: pelo litoral, vinda do Marrocos, e do Uruguai, onde são plantadas as flores da maconha. Alguns brasileiros já produzem o ice e o dry, mas a qualidade não é a mesma.
Dentro da cadeia
A investigação da Polícia Civil descobriu um outro detalhe importante: criminosos que estão presos participam diretamente do comércio da nova droga. Trata-se de um problema crônico do sistema carcerário brasileiro.
O bando de Pablo recebeu uma mensagem de Josemar Pires de Oliveira, que está preso no Centro de Detenção Provisória de Tremembé, no interior. Ele queria saber sobre a entrega do Dry, na cidade de Campinas.
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Nove traficantes do grupo foram presos pela polícia nos últimos meses. Alguns já tinham sido filmados distribuindo a droga e acabaram pegos em flagrante. Se quem consome o dry e o ice é chamado pelos policiais de playboys, os traficantes não são muito diferentes.
“São playboys, têm vida boa de luxo, querem sofisticar e acabam se envolvendo num crime sem violência e com bom lucro. Têm outras oportunidades, ter uma outra atividade lícita, mas optaram pela prática do crime”, disse o delegado Fabio Sandrin.