Polícia

Operação policial mira esquema de corrupção no Detran do Distrito Federal

Dois servidores públicos são investigados por cobrança de propina para agilizar liberação de documentos

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Agente do Detran-DF | Divulgação/Detran-DF
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A 18ª Delegacia de Polícia de Brazlândia, no Distrito Federal, deflagrou nesta quinta-feira (6) uma megaoperação Wrong Way, que cumpriu 45 mandados de busca e apreensão contra um esquema de corrupção e fraude dentro do Departamento de Trânsito da capital federal (Detran-DF).

Os mandados foram cumpridos pela Polícia Civil (PCDF) na Cidade do Automóvel, em Taguatinga, Águas Claras, Vicente Pires, São Sebastião, Riacho Fundo I e II, Santa Maria, Ceilândia, Vila Planalto, Noroeste, todos no DF e no Pedregal e em Águas Lindas, Goiás.

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A investigação durou pelo menos um ano e teve início a partir de informações encaminhadas pela própria Corregedoria do Detran, informando que dois funcionários públicos do Governo do Distrito Federal (GDF) estariam emitindo Autorizações de Transferência de Propriedade de Veículo (ATPV-e) de forma irregular, sem conferência da documentação exigida, mediante o pagamento de propina de R$ 150 por processo.

Os dois servidores foram identificados como Aldo Henrique Gomes Costa, de 36 anos, segundo-sargento do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), e Bruno Cesar Fernandes da Silva, de 31 anos, agente do Detran-DF.

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Nos últimos quatro anos, os dois servidores emitiram centenas de autorizações de transferência de forma irregular, e receberam pagamentos indevidos de pelo menos 36 empresários.

Os investigados se aproveitavam do acesso que possuíam ao sistema do Getran, responsável pelos registros e transferências veiculares, para facilitar regularizações.

Como esquema funcionava

Empresas do ramo automotivo prometiam aos clientes que após a venda, veículos seriam entregues já transferidos, sem a necessidade de o comprador comparecer pessoalmente ao órgão de trânsito.

A investigação concluiu que o esquema envolveu pelo menos 15 de compra e venda de veículos usados. Durante o cumprimento da operação, foram recolhidos documentos e equipamentos eletrônicos que vão ser periciados.

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Primeira fase da Wrong Way

Deflagrada em março de 2025, a primeira fase da operação localizou dezenas de processos de transferência fora do ambiente institucional do Detran-DF, o que, de acordo com a polícia, já significa grave violação administrativa. Naquela época, o órgão afastou os servidores investigados da atividade-fim.

A PCDF também identificou movimentações bancárias incompatíveis com a renda dos investigados, além de transações, transferências bancárias ilegais e indícios de tentativa de ocultação da origem dos valores ilícitos recebidos. Em alguns casos, as quantias movimentadas superaram mais de dez vezes o salário mensal dos servidores.

Análises periciais ainda confirmaram que dados e documentos do Detran-DF eram manipulados de forma indevida.

Um outro servidor público também foi identificado por envolvimento no esquema de recebimento de propinas pagas por empresários do ramo de veículos.

O nome da operação, Wrong Way, significa "caminho errado", em alusão à inversão de valores éticos e legais que regem o serviço público.

Leia nota do Detran-DF:

"O Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) informa que está acompanhando e colaborando com as investigações conduzidas pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na manhã desta quinta-feira (6). O órgão reforça que mantém o sigilo necessário para assegurar a integridade e o regular andamento do inquérito.

Desde o início da atual gestão, o Detran-DF tem atuado de forma integrada com o Tribunal de Contas do Distrito Federal, o Ministério Público e a Polícia Civil, com o objetivo de identificar e desarticular fraudes que, por anos, comprometeram a credibilidade da instituição e prejudicaram o cidadão.

A autarquia vem investindo em tecnologia, cruzamento de dados e ações de investigação para fortalecer a transparência, a segurança das informações.

Os servidores identificados na operação serão afastados de suas funções e responderão a processo administrativo disciplinar (PAD), instaurado pela Corregedoria do Detran-DF."

Leia nota do CBMDF:

"O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) informa que, por meio de sua Corregedoria, acompanhou o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na operação deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal e seguirá colaborando com as investigações.

Em paralelo, serão adotadas as medidas administrativas cabíveis para apurar a conduta do militar.

O CBMDF reafirma que não compactua com quaisquer desvios de conduta praticados por seus integrantes, reforça seu compromisso com a legalidade, a ética e a transparência na administração pública e reitera que eventuais irregularidades serão apuradas com o devido rigor."

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