Suprema Corte dos EUA mantém decisão que legalizou casamento entre pessoas do mesmo sexo
Decisão mantém precedente histórico de 2015; ex-servidora do Kentucky havia se recusado a emitir licenças por motivos religiosos

Reuters
A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou, nesta segunda-feira (10), um pedido para revisar a decisão de 2015 que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país.
O recurso foi apresentado por Kim Davis, ex-servidora pública do estado do Kentucky, que se recusou a emitir licenças de casamento alegando motivos religiosos.
+ Trump ameaça reduzir salários de controladores de tráfego aéreo que não voltarem a trabalhar
Com a decisão, fica mantido o precedente do caso Obergefell v. Hodges, de 2015, que garantiu aos casais homoafetivos o direito constitucional de se casar.
Na época, a Suprema Corte decidiu por 5 votos a 4 que os estados norte-americanos não podem proibir casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
+ Senado dos EUA avança com projeto para encerrar ‘shutdown’ do governo
Kim Davis foi processada por um casal gay após se negar a emitir a licença e acabou condenada a pagar US$ 360 mil em indenizações e honorários advocatícios.
Liberdade religiosa x direitos civis
A defesa da ex-servidora alegou que a decisão feria o direito à liberdade religiosa, garantido pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.
O argumento foi rejeitado por tribunais inferiores e, agora, pela Suprema Corte, que recusou analisar o caso.
“A recusa da Corte em revisar a decisão confirma o que já sabíamos: casais do mesmo sexo têm o direito constitucional de se casar”, afirmou William Powell, advogado do casal autor da ação.
+ Quem foi Godofredo Pepey, ex-lutador brasileiro que morreu em cadeia nos EUA
O grupo jurídico cristão Liberty Counsel, que representa Kim Davis, afirmou que continuará tentando reverter o entendimento da Suprema Corte.
“Obergefell será anulado porque não tem base na Constituição”, declarou Mat Staver, fundador da organização.
Desde 2015, a composição da Corte se tornou mais conservadora, com seis juízes indicados por presidentes republicanos.
A mudança alimentou a expectativa de grupos religiosos e conservadores de que o tribunal pudesse revisar o tema, especialmente após a reversão do caso Roe v. Wade, em 2022, que retirou o direito constitucional ao aborto.
Marco para os direitos LGBT+
O caso Obergefell v. Hodges é considerado um marco histórico para os direitos LGBT+ nos Estados Unidos.
Na decisão de 2015, o então juiz Anthony Kennedy, autor do voto decisivo, afirmou que o casamento entre pessoas do mesmo sexo representa igualdade e dignidade perante a lei.
“Eles pedem dignidade igual aos olhos da lei. A Constituição lhes concede esse direito”, escreveu Kennedy na época.







