Sindicatos rurais da França suspendem protestos após aceno de Macron
Durante o dia, agricultores atearam fogo em pneus e atiraram pedras e ovos em direção à polícia, que revidou com jatos d'água
Os dois maiores sindicatos rurais da França determinaram a suspensão dos protestos de agricultores pelo país. A decisão veio após o governo francês anunciar novas medidas de incentivo ao setor, em um dia de manifestações durante a reunião do Conselho Europeu, na Bélgica.
Ainda era noite de quarta-feira, quando o primeiro comboio de tratores chegou ao entorno do Parlamento Europeu, em Bruxelas. Era uma tentativa de aumentar a pressão sobre os políticos, após paralisações na França, Itália, Alemanha e Bélgica.
Durante o dia, os agricultores atearam fogo em pneus e atiraram pedras e ovos em direção à polícia, que revidou com jatos d'água.
Os ruralistas reclamam do aumento dos custos de produção, das obrigações ambientais rígidas e da concorrência de preços com produtos de outros países.
Um dos encontros para buscar soluções para a crise foi entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e a presidente da Comissão Europeira, Ursula von der Leyen. Em pauta, a negociação de um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, uma das principais queixas dos agricultores.
As rodovias que dão acesso a Paris, que amanheceram fechadas, só começaram a ser desbloqueadas depois que o premiê da França, Gabriel Attal, anunciou medidas favoráveis à categoria.
Entre as medidas está a autorização para o uso de pesticidas, que já são permitidos em outros países da Europa, e a liberação de 150 milhões de euros em apoio fiscal e social já a partir deste ano.
O primeiro-ministro francês manteve a posição do presidente Emmanuel Macron e também se posicionou contra o acordo entre União Europeia e Mercosul. Na Bélgica, Macron apontou para inconsistências no texto e defendeu que o bloco europeu crie um controle sanitário e agrícola, para evitar a concorrência internacional. A medida vale também os produtos importados da Ucrânia.
"Ajudamos os ucranianos no que se diz respeito à guerra, mas a concorrência desleal beneficia alguns empresários bilionários que não respeitam as nossas regras'', disse Macron.