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Ser mulher: um detalhe relevante na derrota de Kamala Harris

Resultado mantém os EUA entre as sete, dentre as 20 maiores economias do mundo, que nunca tiveram uma mulher como chefe de Estado

Ser mulher: um detalhe relevante na derrota de Kamala Harris
Joe Biden declarou apoio a Kamala Harris após desistir da corrida eleitoral no último domingo (21) | Reprodução/AP News
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Os Estados Unidos nunca foram liderados por uma mulher. A democrata Kamala Harris teria mudado esse rumo, se não tivesse sido derrotada pelo republicano Donald Trump nestas eleições. Entre as 20 maiores economias do mundo, o país continua a estar entre as sete que nunca tiveram uma mulher na presidência. Essa é a segunda vez em oito anos que uma candidata perde a disputa por lá – Trump derrotou Hillary Clinton em 2016 – e boa parte dos americanos parece não estar preparada para mudar essa realidade.

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Foi o que eleitores de Donald Trump ouvidos pelo SBT News disseram: ainda é preciso mais tempo até que uma mulher possa ocupar esse cargo. "Acho que só daqui a uns oito anos estaremos prontos para ter uma mulher na presidência. Mulher tem esse lado maternal e, com as guerras atuais, precisamos de um homem forte pra acabar com isso. Depois, talvez", afirmou o americano Freddy, morador de Inglewood, cidade no subúrbio de Los Angeles, que tem população majoritariamente negra e latina.

A melhora do resultado entre os eleitores hispânicos marcou a vitória do republicano. Ele conquistou 42% desse eleitorado enquanto a democrata teve 55% – uma diferença de 13 pontos percentuais, segundo levantamento divulgado pela Associated Press. Em 2020, Joe Biden conseguiu mais de 30 pontos percentuais de vantagem sobre Trump entre os latinos. No cenário nacional, Kamala teve 78% dos votos dos homens negros, mas em estados como a Carolina do Norte, Trump mais do que dobrou o desempenho neste grupo, se comparado às eleições anteriores. Entre as mulheres negras, o apoio foi maior: elas destinaram 92% dos votos a Kamala, porcentagem ainda maior do que a de Biden em 2020.

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Uma das melhores amigas da candidata democrata, Amelia Ashley-Ward, falou ao SBT News na reta final da disputa e contou que via resistência entre homens da comunidade negra. "Eles não querem ver uma mulher à frente do país. Eu disse para um grande amigo que não iria votar nela: 'apenas lembre-se de quem a sua mãe é, uma mulher negra que te criou sozinha e você me diz que não consegue respeitar outra mulher negra?'", relembrou Amelia.

Para a especialista em Direito e Relações Internacionais Priscila Caneparo, o retrocesso em temas relacionados aos direitos das mulheres é um sinal dessa resistência em eleger uma mulher. A professora cita como exemplo a revisão da lei que legalizava o aborto até o terceiro mês de gestação das mulheres em alguns estados norte-americanos. Outro ponto é que os Estados Unidos não são signatários da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW), que, desde 1981, traz medidas para acelerar a igualdade entre homens e mulheres. O país é a única democracia estável do mundo que não ratificou o tratado.

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"Ainda que a gente tenha bolsões progressistas como na costa leste Nova York, no Vale do Silício, na Califórnia, a sociedade estadunidense tem um preconceito, ainda que velado, sobre a mulher exercer cargos de relevância e sobre a própria emancipação dos direitos femininos", afirma a professora. "Isso leva a crer que também aquele eleitorado que não se sente confortável em ter uma mulher na presidência acabou indo para o Trump, e por isso que a gente vê números da Kamala em relação aos eleitores menores do que os números de Biden".

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