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Saiba o que é o "triplo-talaq", prática machista utilizada por princesa para anunciar divórcio

Sheikha Mahra é filha do primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos e anunciou separação nas redes sociais; prática é banida em 23 países

Imagem da noticia Saiba o que é o "triplo-talaq", prática machista utilizada por princesa para anunciar divórcio
Princesa é filha do primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos | Reprodução/Instagram
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A princesa Sheikha Mahra bint Mohammed bin Rashid Al Maktoum, filha do primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, anunciou seu divórcio, nesta quarta-feira (17), em uma publicação no Instagram.

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Para expor o divórcio, Sheikha Mahra utilizou uma prática antiga, considerada machista, conhecida como o "triplo-talaq" (divórcio, em árabe), banida em diversos países.

"Querido marido, como você estava ocupado com outras companhias, por meio deste eu declaro nosso divórcio. Eu me divorcio de você, eu me divorcio de você, eu me divorcio de você. Se cuide", disse a princesa na publicação, que assinou como "sua ex-mulher".

O ex-marido, Sheikh Mana bin Mohammed bin Rashid bin Mana Al Maktoum, ainda não se pronunciou sobre a separação, mas as fotos da ex-companheira aparentam terem sido apagadas de seu perfil na rede social.

O que é o "triplo-talaq"?

O "triplo-talaq" é uma prática islâmica considerada machista que, apesar de não estar expressa no Alcorão, previa que homens pudessem se divorciar instantaneamente após dizer a palavra "talaq" três vezes seguidas. A ação foi proibida em 23 nações, incluindo os Emirados Árabes Unidos.

A Índia foi um dos últimos países a banir o triplo-talaq, após uma comoção nacional movida pelo grupo militante Bharatiya Muslim Mahila Andolan (BMMA - Movimento das Mulheres Muçulmanas Indianas).

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Apesar de a luta contra o triplo-talaq durar décadas no país, foi apenas após o caso de separação de Shayara Bano, uma mulher de 35 anos e mãe de duas crianças, em 2016, que a revolta chamou a atenção da Justiça indiana. Na época, Shayara Bano era casada há 15 anos e, durante uma visita aos pais, recebeu uma carta do marido dizendo que o casamento havia terminado. Ela tentou fazer contato com ele diversas vezes, sem sucesso, e foi impedida de ver os filhos. Foi a primeira vez que uma mulher entrou na Justiça contra o triplo-talaq na Índia.

Um relatório, divulgado pelo grupo ativista em 2016, trouxe dados coletados desde 2007, e revelaram que muitas das mulheres que se separaram através do triplo-talaq não tiveram qualquer amparo após o divórcio -- mais de 40% delas não recuperaram nem as próprias joias.

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A prática do triplo-talaq não requeria que o marido comunicasse o divórcio pessoalmente para a mulher, podendo se utilizar de quaisquer meios de comunicação possíveis. No relatório, 59% das mulheres entrevistadas divorciadas se separaram após a decisão unilateral do marido em dizer o talaq três vezes. No documento, ainda foi revelado que alguns desses diversos aconteceram por meio de parentes, cartas, mensagens de SMS e WhatsApp, entre outros.

Após o relatório e diversos protestos no país, a Suprema Corte da Índia declarou, em agosto de 2017, o triplo-talaq como inconstitucional. Em dezembro, foi instaurada uma lei que criminaliza a prática. Quem a descumprir pode ser condenado a até 3 anos de prisão e multa.

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